sábado, 12 de setembro de 2015

Centro Histórico da Cidade do México














Classificado como patrimônio da humanidade pela UNESCO em 1987, é repleto de edifícios monumentais que refletem a rica história da cidade e do país. As Igrejas e prédios religiosos são os mais abundantes, mas também existem outras construções importantes como o Palácio das Belas Artes, o Palácio Nacional e o Museo Nacional de Arte. O desenvolvimento econômico do século XX trouxe também novas estruturas como a Torre Latinoamericana e outras menos atraentes, mas o patrimônio histórico já existente foi bem conservado e pouco alterado. Observando de cima, se percebe o planejamento urbano dos espanhóis desenvolvendo a cidade sob a forma de tabuleiro com a Praça Mayor -depois Plaza de Armas e por fim Plaza de La Constitucion, conhecido como Zócalo- no Centro, com os principais prédios do Governo - o Palácio Nacional, existente desde o período colonial e sendo modificado e ampliado durante os anos até hoje) e da Igreja -a Catedral Metropolitana, a maior igreja da América Latina, cuja construção levou quase 200 anos.


Mas antes da chegada dos espanhóis a urbe já tinha um enorme grau de importância e influência na região como a principal cidade do povo mexica*, Tenochtitlan. Desenvolvida em uma ilha no meio do Lago Texcoco, conectada por pontes às margens norte, sul e oeste, ela simbolizava para os mexicas o centro do universo, o local de convergência entre as dimensões da realidade, a das divindades acima e a dos mortos abaixo. No coração da cidade (onde hoje é o Zócalo) foi erguido o Templo Mayor, dedicado aos imperadores, a alta corte e aos sacrifícios, cuja altura em sua totalidade rivalizava com a da atual Catedral erguida a poucos metros anos depois. As ruínas do que sobrou do Templo após sua destruição pelos espanhóis acabaram sendo aterradas durante o desenvolvimento do plano urbanístico e somente nos anos 60 pesquisas arqueológicas desenterraram os primeiros vestígios das muralhas da estrutura. Hoje o sítio arqueológico das ruínas ocupa uma área de umas duas quadras, e podem ser observadas as bases das antigas pirâmides e algumas estatuas de serpentes nas bases. Dentro do sítio há um museu de quatro andares com as principais peças retiradas das ruínas, a que mais chamou a atenção foi a imensa escultura deitada da deusa Coyolxauhqui. O preço da visitação foi 64 pesos por pessoa.


Ainda no Zócalo, a Catedral do México impressiona pelo tamanho e pela imponência. As torres do campanário tem 68 metros de altura e são as construções mais altas do Centro Histórico, com exceção da Torre Latinoamericana, e se destacam na paisagem ao redor. O altar e as vinte capelas que circundam a nave são todas adornadas a ouro, e as . Por 20 pesos cada um, fizemos a visita guiada ao campanário, onde o guia leva o grupo até o teto da igreja, de onde se tomam boas vistas da Plaza del Zócalo, e de onde se ouve a sinfonia das badaladas. As duas torres do campanário possuem juntas mais de vinte sinos, alguns do século XVII e pesando uma tonelada, e sempre em algum momento tem um sino tocando, nas horas em ponto a maioria bate junta e o som ecoa longe pelas ruas do Centro Histórico.

A Catedral atualmente afunda pouco a pouco no solo mole oriundo do aterro do lago Texcoco, no piso há uma medição que mostra o deslocamento da estrutura ao redor dos anos, e ações de prevenção contra danos são tomadas constantemente.

Outra construção chamativa na Plaza del Zócalo é o Palácio Nacional, sede do Executivo, cuja visitação é aberta por uma porta lateral, sendo necessário deixar um documento de identidade. O palácio foi o primeiro prédio governamental na cidade, e foi se desenvolvendo de acordo com os diferentes momentos da história do país. Ele é distribuído em vários blocos separados por pátios com estruturas em arco, muito comuns nos países hispânicos.


Há um andar dedicado a história do presidente Benito Juarez, considerado um herói nacional por depor o reinado do francês Maximiliano. O pátio central é amplo e todo arqueado, e na escadaria principal entre os andares está o grande mural pintado por Diego Rivera, onde estão presentes vários elementos da história mexicana (piramides, índios, espanhois, caravelas, Pizarro, Pancho Villa, Zapata e muito mais). No segundo andar há outras pinturas do artista retratando momentos específicos como o cotidiano dos índios e os primeiros intercâmbios com os espanhóis. Há também a antiga câmara dos deputados com artefatos como a primeira faixa presidencial e uma das primeiras bandeiras do México.

 



A Praça do Zócalo, considerada a terceira praça mais larga do mundo, assistiu aos principais momentos da história mexicana, e ela também foi se desenvolvendo e mudando de aparência durante esses ciclos, mas sempre sendo um ponto de concentração de pessoas e o coração político da pátria mexicana. Era o ponto de devoção dos súditos aos imperadores astecas, depois de devoção católica e segundo algumas histórias local da Inquisição, depois reuniu as grandes manifestações pela independência, pelas revoluções políticas e por justiça social, como no caso de 1968, invariavelmente com alguma dose de violência.
Atualmente as maiores concentrações de pessoas ocorrem no dia da independência mexicana e no dia de finados. A praça já teve um jardim, mas hoje é completamente pavimentada, com uma enorme bandeira do país no centro. Os edifícios que a circundam são também arqueados, de uma forma mais austera. O movimento de pessoas é grande, especialmente entre os edifícios, a estação de metrô e a Catedral, e há uma presença forte de policiais no perímetro da praça. Há também muitos artistas de rua e uns músicos tocadores daquelas caixas de música antigas apoiadas em tripés que girando uma manivela fazem um som agudo parecido com a flauta, mas mais meloso e na minha opinião enjoativo. Mas é frequente o monta e desmonta de palcos para shows, só na nossa viagem de 10 dias tiveram dois.


Espalhadas ao redor da Praça do Zócalo há uma variedade muito grande de outras atrações. As ruas do Centro Histórico foram todas urbanizadas com pavimento de paralelepípedo e calçadas padronizadas, o que torna agradável uma caminhada. Algumas ruas tiveram uma ou até duas faixas de rolamento cedidas às calçadas e ciclovias, como a Vinte de Novembro e o próprio Zócalo, onde foi posto um pequeno jardim com mesas e barracas convidando os pedestres a darem uma pausa e descansar. Estações de aluguel de bicicletas são fáceis de encontrar. Seguindo ao norte e ao leste do Zócalo há uma degradação mais acentuada do bairro, as ruas são mais sujas e ocupadas por camelôs e o comércio é bem popular, e as construções não são tão bem-conservadas, e nos foi recomendado evitar circular a noite por ali, quando a área fica deserta. De manhã no entanto, conserva algumas atrações bonitas como a Igreja da Santíssima Trinidad. Ao norte do Zócalo, há a Plaza de Santo Domingo, com uma Catedral bem rica nos detalhes das fachadas e dos altares.


Muitos becos e ruas estreitas foram reurbanizadas e alguns tem restaurantes e bares convidativos. Como ficamos hospedados na região, comemos em uma grande variedade de locais. Além dos fast-food tradicionais, há duas cadeias de restaurantes bem cômodas no Centro: A VIPS e a Sanborns, com preços acessíveis e boas porções e variedade de comida, fomos nas duas e gostamos. Há uma rede de fast-food local, o Pirates' Burger, que gostamos muito, que serve hamburguers fritos na hora com os ingredientes que você escolhe no balcão, como no Subway. Nos dias de orçamento contido, há muitos pequenos restaurantes que servem comida corrida, que é o PF deles. Há também muitas taquerias, que servem a carne como no churrasco grego, assando elas naquele espeto em giro e depois cortando e colocando aquele monte de molho. O cheiro se sente em quase todas as ruas! Guacamole e Jalapeño são acompanhamentos quase que obrigatórios para tudo o que se serve.
Tacos com arroz, feijão e ovo fritos acompanhados por guacamole.
As ruas ao sul e a oeste da Plaza são as mais limpas e frequentadas, principalmente o calçadão da Avenida Francisco Madero, que liga a Plaza del Zócalo a Alameda Central, a grande área verde do Centro, cheia de comércio, bancos, casas de câmbio e fast-food. Outras ruas bem movimentadas são a La Palma, a Isabel La Católica (onde se localiza o hostel onde ficamos) e a peatonal Calle Regina. Outras atrações aparecem como o Museu da Cidade do México, o Museu de La Charreria, a Igreja de San Jose e o Mosteiro de San Jeronimo. A Calle Republica de El Salvador concentra um comércio de eletrônicos e esportes variados.
Avenida Francisco Madero e Torre Latinoamerica

No calçadão da Avenida Francisco Madero está o edifício de Los Azulejos, uma obra rara de se encontrar nos países hispanos e mesmo na Espanha, e muito bonita. Há também a Igreja de San Francisco de Assis, com uma fachada barroca bonita, essa igreja era depois da Catedral o principal templo católico da cidade, mas perdeu boa parte de sua área para o desenvolvimento da Torre LatinoAmericana, um arranha-céu de 185 metros de altura com um mirante no topo aberto a visitantes, ao estilo do Empire State de Nova York. Localizada no final da Francisco Madero, ela é uma construção em aço e vidro que destoa dos vizinhos históricos e que se destaca no panorama do Centro Histórico. Há um pequeno museu da Cidade do México aberto a visitação no museu. O preço para subir foi de 80 pesos por pessoa, mas a vista lá de cima é muito bonita.

Em frente a Torre está outro prédio marcante da Cidade do México, o Palácio Nacional de Bellas Artes, construído em mármore a um estilo Art-Decó com dimensões parecidas ao Teatro Municipal do Rio, ele tem uma variedade muito bonita de cores, principalmente devido ao teto dourado e pelos vitrais da fachada.  Há também muitas esculturas ladeando as fachadas do prédio e os jardins que o circundam. O Palácio sedia um grandioso palco de teatro e os espetáculos são concorridos.

Palácio Nacional de Bellas Artes
Ao redor dele, está a grande praça da Alameda Central, cujas árvores ofereceram uma rara sombra nos dias em que o sol apareceu. Bem cuidada e movimentada, a praça homenageia os heróis da pátria em fontes e monumentos, e nos arredores há pontos de interesse como (mais!) igrejas, comércio diversificado como a loja de departamentos Sears, e centros culturais como o Museu de La Memória e Tolerância (que infelizmente ficou pra próxima). Percebe-se que os edifícios históricos ficam bem mais rarefeitos, dando lugar a prédios bem mais modernos. A Alameda Central simboliza a transição entre o Centro Histórico e a área do Paseo de La Reforma, o CBD da Cidade do México, sobre o qual comento no próximo post, e junto com a Avenida Francisco Madero representa a principal ligação entre a área antiga e a área moderna da capital mexicana.

Alameda Central


*Os mexicanos, especialmente os moradores da Cidade do México, classificam o povo azteca como Mexica porque essa é o nome dado por eles à região altiplana aos arredores do Lago Texcoco, considerada o coração do Império Azteca. O nome azteca deriva da região de Aztan, ao norte, de onde os aztecas teriam migrado até se estabelecerem na região do Lago Texcoco.



Aplicativo com os mapas dos nossos roteiros na Cidade do México: Até mais!



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