Continuando com o relato da minha experiência na capital mexicana, nesse tópico abordo duas regiões da cidade completamente diferentes entre si mas ambas estão dentro de qualquer roteiro turístico que seja feito na Cidade do México, e são testemunha da grande variedade de ambientes presentes na grande urbe mexicana, além de serem também bem diferentes do Centro Histórico. Enquanto o Paseo de La Reforma concentra a maioria dos grandes edifícios modernos de escritórios e um vai e vem de pessoas frenético, o bairro de Coyoacán preserva um ambiente de cidade histórica do interior embora completamente inserido na urbe, onde a tranquilidade só é interrompida em breves momentos nos fins de semana pelos gritos das crianças brincando nas praças e pelas conversas das pessoas sentadas nos cafés ou nos bancos públicos. Ligando as duas áreas está uma das avenidas mais extensas do mundo, a Insurgentes, que além dessas duas áreas tão distintas atravessa tantas outras em seu percurso pela Cidade do México, mostrando uma variedade enorme de perfis.
Para ver o meu relato do Centro Histórico clique aqui: http://mobilidadeglobal.blogspot.com.br/2015/09/centro-historico-da-cidade-do-mexico.html
Paseo de La Reforma
Desenvolvida sobre os aterros do Lago Texcoco, essa avenida de cerca de 4 quilômetros é a área onde se concentram bancos, seguradoras, embaixadas e muitas sedes de empresas na capital mexicana, sediando a bolsa de valores do país. Repleta de edifícios e arranha-céus modernosos. Qualquer semelhança com a Avenida Paulista não é mera coincidência, ambas se desenvolveram do mesmo raciocínio, a partir da transferência do setor financeiro e das grandes empresas para fora do saturado Centro, onde haviam limitações para o crescimento de novos edifícios e de expansão das ruas. Mesmo assim, ambas ainda estão dentro da área central, cercadas pelos bairros mais nobres, orientando o crescimento dos bairros destas classes na sua direção.
As diferenças pontuais: A Paulista tem melhor infra-estrutura, com ciclovia, calçadas mais largas e metrô que percorre no subterrâneo toda a Avenida. Já o Paseo de La Reforma ainda mantém um certo ar mais clássico e verde, mantendo um passeio ajardinado com árvores frondosas separando a pista central das locais; e com grandes monumentos se erguendo de rotatórias no meio da pista.
O mais importante deles é o Ángel de La Independencia, uma escultura de anjo em ouro no topo de um grande pilar, uma homenagem aos mexicanos tombados na guerra que tornou o México um país livre dos laços coloniais espanhóis.
Outro marco a independência está próximo ao Paseo: É o Arco de La Revolución, uma grande estrutura em arco de 60 metros de altura no meio de uma larga praça em cujo topo tem um mirante (alcançável por elevador panorâmico) com uma boa vista para boa parte da Cidade do México, já que apesar de grande a maioria dos seus edifícios são baixos. O Arco na realidade era parte de um projeto para a construção de um novo congresso em homenagem aos 100 anos da revolução mexicana(semelhante aos construídos em Montevideu e Buenos Aires) mas o momento instável do país naquele momento não permitiu que o projeto fosse adiante.
Não a toa, ele está exatamente alinhado com a Praça do Zócalo e o Palácio Nacional no sentido Leste-Oeste, no eixo composto pelas Avenidas Juarez e Francisco Madero e com a Praça da Alameda Central, que não a toa é hoje uma das vias mais movimentadas de carros e pedestres da cidade. Seria o equivalente ao que é hoje a Avneida de Mayo em Buenos Aires, atravessando o Centro porteño ligando a Casa Rosada-sede do governo- com o Congresso, é claro, se o projeto tivesse seguido adiante.
Ao longo do Paseo concentram-se muitos serviços variados, inclusive muitas marcas estrangeiras. Encontramos duas filiais da rede colombiana Juan Valdez Café, que serve bebidas quentes e frias a base de café muito boas, de deixar qualquer Starbucks no chinelo, uma pena que ainda não tenha entrado no Brasil.
Também estão presentes redes americanas não conhecidas em terras tupiniquins lanchamos um dia na Wendy's, que serve bons hamburgueres de forma quadrada e almoçamos outro dia na Olive Garden, boas massas por um preço razoável, com uma grande porção de salada incluída.
Há muitos outros pequenos restaurantes e serviços nas ruas transversais ao Paseo,
Na ponta oeste do Paseo há a entrada para o Bosque de Chapultepec, uma ampla e agradável área verde bastante frequentada pelos mexicanos e turistas. No topo de uma pequena colina há o Castillo de Chapultepec, onde hoje está sediado o Museu Nacional de História.
Dentro da área do Bosque há também o Museu Nacional de Antropologia, que guarda um acervo riquíssimo a respeito de todas as culturas que já habitaram o solo mexicano, atração indispensável de se conhecer.
Ao sul do Paseo há o bairro Roma, um bairro de classe média meio degradado que hoje passa por um processo de gentrificação, com a valorização de imóveis, surgimento de novos estabelecimentos comerciais e reforma urbanística das calçadas e ruas.
No coração do bairro há a Plaza de Cibeles, inspirada na praça madrilenha, cujo modelo da estátua da deusa romana possui as mesmas dimensões da versão espanhola. Embora não esteja em um local monumental, a Cibeles mexicana é mais convidativa aos pedestres pois está em uma área mais verde e recentemente a prefeitura da Cidade do México ampliou as calçadas ao redor da Praça, colocando mesas e barracas e disponibilizando sinal de wifi gratuito, hoje virando um ponto bastante frequentado pelos locais e atraindo novos estabelecimentos na praça.
Avenida de Los Insurgentes:
É uma das avenidas mais extensas do mundo, atravessando a Cidade do México no sentido norte-sul por cerca de 40 quilômetros. Começa na Zona Norte junto a chegada da Autopista que vem do norte do país, em uma região da cidade mais pobre e decadente, e a medida em que segue para o sul a urbanização vai se diversificando. Quando ela cruza o Paseo de La Reforma seu perfil muda totalmente, e ela é rodeada de casas e edifícios de classe média e alguns prédios corporativos, e suas calçadas ficam cheias de pedestres e vendedores ambulantes de tudo: frutas, sucos, bijuterias, brinquedos e materiais dos mais diversos.
Próximo aos bairros históricos de San Angel e Coyoacán surgem algumas construções de caráter histórico como o Museo del Carmen, e próximo ao seu final ela é rodeada pelos edifícios universitários do UNAM, Universidade Autonoma do México, com o maior campus do país. A linha 1 do BRT Metrobus a acompanha por toda a extensão. O trecho entre o Paseo de La Reforma e a Universidade Nacional, ao sul, é o que concentra o maior número de atrações como o Museu del Carmen e os Estádios Universitário e Azul, este último casa da equipe do Cruz Azul, ao lado da imensa Plaza de Toros mexicana.
Coyoacán
Esse distrito na zona sul da Cidade do México já foi uma cidade independente durante os tempos de vice-reinado, um local de ranchos e haciendas dos colonos às margens do Lago Texcoco. O imenso crescimento populacional do bairro não descaracterizou o seu Centro Histórico, arborizado e repleto de ateliês, restaurantes e cafés, lembra um pouco uma Santa Teresa (do Rio) sem as ladeiras, completamente plana. Aqui moraram personalidades importantes da história recente do México como o casal de pintores Frida Kahlo e Diego Rivera, assim como o exilado russo León Trotsky, assassinado a mando de Stálin em 1940 na casa que hoje abriga o seu museu no bairro.
Na minha opinião, Coyoacán me lembrou a cidade do Colônia do Sacramento, no Uruguai, sem a orla do Rio da Prata. Uma série de ruas e vielas antigas ladeadas por lampiões antigos, sobrados e casarões do tempo colonial, alguns de pedra, outros com imensas portas de madeira, invariavelmente com aquelas pequenas sacadas gradeadas junto a janela, e uma sensação de que o tempo passa mais devagar.

Para chegar desde o Paseo de La Reforma é só pegar o BRT Metrobus no cruzamento com a Insurgentes, ou ir de metrô, usando as linha 1 e 4 descendo na Estação Miguel de Quevedo, na entrada oeste da área histórica do bairro. A entrada leste fica próxima ao Terminal Sul de Autobuses, no metrô Taxqueña.
Nós começamos o percurso pela Avenida Francisco Sosa, construída em cima da primeira estrada de acesso ao antigo pueblo, e hoje é ladeada por antigas mansões coloniais e árvores frondosas, preservando um ambiente tranquilo em meio ao agito frenético da metrópole. Andamos cerca de 3 quilômetros por ela, observando a variedade de formas e cores das construções à via.
Pelo caminho passamos pela singela Iglesia de Santa Catalina, do século XVIII, e por alguns pequenos mercados especializados em marcas de tequila.
No final da avenida há um imenso pórtico que simbolizava a entrada de um antigo convento que ocupava boa parte do bairro histórico, onde hoje está a praça principal, composta pelos Jardins Hidalgo e Centenário, com a Catedral de San Juan Bautista emoldurando. Parece uma típica praça do interior, ajardinada e cheia de bares e cafés, com crianças brincando, um coreto animado e vendedores oferecendo aquelas bolas de plástico enormes. Até percebi nas ruas uma quantidade maior de carros antigos como fuscas e chevetes. A Catedral de San Juan Bautista, na praça, do século XVIII é oriunda do antigo mosteiro sendo bastante ampla por dentro, embora sem os adornos de riqueza que as igrejas no Centro Histórico ostentam nos altares e molduras.
Espalhados pelo bairro estão outras praças ajardinadas como a Plaza de La Conchita, e os Museus de Frida Kahlo e de León Trotsky, entre outros, mas como só chegamos as 17:00 já estavam todos a ponto de fechar, então visitá-los ficou para a próxima visita ao México. Para sair tomamos uma buseta bem velha que fosse até o metrô Coyoacán, fora da área histórica.

Na próxima postagem da Cidade do México falarei sobre a Basílica de Guadalupe e o Eixo Central. Aqui abaixo está o aplicativo com os mapas dos nossos passeios na Cidade do México. Até a próxima!
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