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Playa de Los Ingleses |
O tempo de início não estava muito animador, encoberto e com muito vento, e ao longe se viam as nuvens derramando a chuva. Talvez isso junto com o fato de ser uma cidade bem notívaga fez com que a cidade ainda parecesse estar meio adormecida, com parte do comércio na área ainda fechado, apesar de serem pouco depois das nove horas.
Tratei de continuar a caminhada pela rambla (calçadão em espanhol) do lado oceânico da península, onde de início a aparência era como a de um típico balneário movimentado, com altos edifícios ladeando a orla e quiosques espalhados a cada centena de metros mais ou menos, e onde já havia mais movimento de gente caminhando e correndo. Na próxima praia, a dos Ingleses, mais repleta de pedras, havia uma concentração um pouco maior de gente nas areias tomando aquele sol meio encoberto. No final da praia há um altar nas rochas em homenagem a Nossa Senhora da Candelária, padroeira da cidade.
Segui de volta para o calçadão até chegar de fato no extremo da península, onde há, oficialmente, o encontro das águas do Rio da Prata com o Oceano Atlântico. É visível a diferença da ondulação a medida em que se caminha em direção ao rio. E foi ali que aquela chuva que ameaçava cair finalmente deu as caras, tive que me abrigar embaixo de uma garagem de uma das casas junto com outros transeuntes até dar uma trégua. Sorte que não demorou mais que 15 minutos, e o sol apareceu rápido, embora ainda ventasse muito, logo deu para continuar o giro, agora pela orla voltada para o rio.
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Final da Punta |
Esse trecho da orla não possui praias dentro da península, e é nele em que está a Marina de Punta, e em frente a ela tem vários restaurantes que no momento serviam o desayuno (café da manhã), mas que pela aparência são focados mais na boemia, com áreas abertas, talvez um bom lugar para curtir a noite. Também é ali que está o prédio da intendência (prefeitura) de Punta.
Dali se percebe bem a diferença entre as duas áreas principais da cidade, ao sul predominam exclusivamente as casas; e ao norte, os edifícios. Resolvi seguir por dentro da península, entrando na Calle Gorberó e caindo na Plaza Artigas, ladeada de palmeiras e com um centro local de artesanato, meio mixuruca.
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Plaza Artigas |
Após a praça, a Calle Gorberó mostra uma variedade muito grande de serviços, com grifes de alto padrão, restaurantes diversos -desde comida mediterrânea até McDonalds- e casas de show e boates. Também tem muitas casas de câmbio e lojas de souvenir, esse todo conjunto fazendo com que a Calle Gorberó seja o coração turístico da cidade, repleto de brasileiros e argentinos (identificados pelas placas dos carros e pelas camisas de futebol). Mas os preços não são muito amigáveis, uma simples garrafa de água sem gás me custou 40 pesos - cerca de 5 reais - em um mercadinho em uma das ruas transversais. Os desayunos nos restaurantes tinham preços acima dos 200 pesos, e a casa de câmbio da Rodoviária tinha uma cotação ligeiramente melhor.
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Calle Gorberó |
A Calle Gorberó termina na Plaza Pan-Americana, na entrada da península e em frente a Rodoviária. Como ainda era cedo, resolvi seguir por trás da Rodoviária, indo parar no começo da Playa Mansa, uma praia bem extensa e já naquela hora bem frequentada, com os banhistas aproveitando bem o sol, que aparecia ali já bem forte, e as águas bem calmas. A orla é rodeada por grandes edifícios e é acompanhada na areia por uma caminho ecológico, construído de forma elevada sobre a vegetação nativa da praia, levando até a um cais de onde saem passeios de barco até a Ilha em frente.
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Playa Mansa |
Fiz hora por ali até por volta da 13:30, voltei para a Rodoviária e comprei passagens para as 14:00 pela empresa COPSA para Montevideu- as saídas para a capital são bem frequentes e custaram 214 pesos.
As minhas observações finais enquanto deixava Punta foram as duas paisagens contrastantes que convivem dentro da pequena península: A área edificada cheia de movimento e serviços voltada para o litoral de mar agitado, e da ponta tranquila repleta de casas ajardinadas voltada para o litoral do Rio da Prata, quase como as duas faces da mesma moeda. Outras atrações mais distantes como a Casapueblo, Cerro Pan de Azucar e Piriápolis ficarão para a próxima.
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Terminal Rodoviário de Punta del Este |
16:00-Montevideu
A rodovia entre Punta e MVD é muito tranquila, pista dupla com pedágios, e o relevo quase sempre plano. A entrada em Montevideu se dá pela Avenida Itália, que atravessa os bairros a leste da cidade e termina junto ao Terminal Rodoviario Tres Cruces, que é localizado estrategicamente na entrada do Centro, junto as saídas a leste, norte e sul. Já que o Uruguai não é lá muito grande, ele é o principal nó dos transportes de passageiros dentro do país (os aeroportos são praticamente exclusivos para os vôos do exterior), construído sob um shopping também bem movimentado. São muitas as empresas que operam e há saídas e chegadas de ônibus a todo momento, mas consegue manter uma boa organização e limpeza.
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Terminal-Shopping Tres Cruces |
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Punta Carretas |
As 18:30 levantei e o dia ainda estava claro, resolvi dar uma esticada pela cidade, primeiro passei pela ajardinada e pedregosa orla junto a Rambla de Punta Carretas e seu farol, depois peguei um ônibus que vinha escrito "Citatela", que é dentro da Cidade Velha, mas desci na 18 de Julho, a famosa avenida das lojas e da arquitetura monumental de Montevideu. Achei parecida com muitas avenidas de Buenos Aires, como a Santa Fé, muito comércio de rua e movimento nas calçadas.
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Tango ao ar livre na Plaza Fabin |
Quando cheguei na Plaza Fabin, havia um espetáculo ao ar livre de tango, até hoje não sei sob qual iniciativa, mas haviam caixas de som na praça tocando tango e muitos casais, especialmente idosos, dançando tranquilamente, mas bem entrosados e seguindo os passos a risca. Pensei no inevitável contraste com o Brasil, que naquela hora o povo todo também devia estar nas ruas dançando, mas só que pulando samba nos blocos na maior alegria e descontração.
Terminei na Plaza Independencia, a principal da cidade, sobre a qual falarei nas próximas postagens. Como já eram 20:00, retornei para Punta Carretas, jantando em um Shopping no bairro a poucas quadras do hostel que já foi um antigo presídio.
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Antigo portão do presídio, convertido na entrada do Shopping |
No próximo post contarei como foi minha experiência no dia seguinte quando fiz um bate e volta a Colônia do Sacramento, a mais bem preservada cidade colonial uruguaia, fundada pelos portugueses e depois teve seu controle alternado com os espanhóis em inúmeras disputas, passando sob breve domínio brasileiro após o 7 de setembro até a independência do Uruguai.
Aqui abaixo disponibilizo o link para o aplicativo contendo os mapas da viagem ao Uruguai, o número 2 mostra o meu passo a passo em Punta del Este. Espero que gostem!
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