segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Racionalização para o gringo ver e para o local sofrer

Mais uma das etapas de racionalização das linhas de ônibus da Zona Sul acontece nesse próximo sábado, dia 12/12/2015, com a extinção das linhas circulares 511/512 (Urca X Leblon), 569/570 (Largo do Machado X Leblon) e 573/574 (Glória X Leblon) e a inauguração das duas linhas Circular 1 e Circular 2.
Além disso, a linha 513 Urca X Botafogo será esticada até o Humaitá, não sei até que altura do bairro.
O itinerário delas será uma fusão das linhas 511/512 e 569/570. Como referência, basta pensar nos itinerários normais da 569/70 hoje, só que o ponto final será no Leblon (em frente a Cobal, aonde a 464 fazia o ponto final antes de ser encurtada até Botafogo), e elas irão dar uma esticada na Urca até o final.
O resultado é o seguinte:
A Circular 1 sairá do Leblon, seguirá por Ipanema, Copacabana, Rio Sul, vai entrar na Urca e dar a volta no bairro inteiro, voltar para Botafogo, Flamengo, Largo do Machado, Laranjeiras, Cosme Velho, pega o Rebouças, sai no Jardim Botânico, Gávea e fecha no Leblon.
Veja o itinerário aqui: http://arcg.is/1OQqInq
A Circular 2 sairá do Leblon, Gávea, Jardim Botânico, Humaitá (não entrará mais na Fonte da Saudade), Túnel Rebouças, Cosme Velho, Laranjeiras, Flamengo, Botafogo, General Severiano, vai até o final da Urca e volta, Túnel do Pasmado, Rio Sul, Copacabana e Ipanema.
Veja o itinerário aqui: http://arcg.is/1OQqsVJ
Ótimo para um serviço turístico, porque finalmente vai haver a tão sonhada ligação direta por transporte público entre o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar. Péssimo para a maior parte dos usuários normais, pois são um acréscimo total de cerca de 4 quilômetros e pelo menos uns 20 minutos-isso sem trânsito- no tempo de viagem. Menos mal que ainda as circulares 161/162 e 583/584 permanecem rodando. Isso só revela um péssimo planejamento e a falta de diálogo entre os órgãos de transporte, de planejamento e de turismo.
O que prejudica praticamente tudo nessa história da reformulação é o ponto final no Leblon, naturalmente um bairro de passagem dessas linhas no seu giro pela Zona Sul. A Urca, pelo contrário, sendo um bairro sem saída, com uma única entrada, é perfeito geograficamente para ser o ponto final dessas linhas. Faria todo o sentido as circulares chegando e partindo dali e esticar a 513 para atender a demanda de Botafogo e Humaitá, que ficariam desatendidos por quem mora na Urca. O problema da Urca sempre envolveu uma carência de infra-estrutura, como estacionamento e falta de banheiros, para sediar esses pontos finais, com reclamações tanto de motoristas como de moradores a respeito. Mas aí era uma questão cuja solução talvez não fosse difícil de resolver.

Outra questão é relativo a precária estrutura que o transporte público oferece para os turistas no Rio, e não falo apenas da frota dos ônibus, do preparo dos motoristas e cobradores e da estrutura física de informações, mas principalmente em relação ao sistema de linhas e serviços disponível.
Muitas cidades turísticas do mundo tem linhas regulares de ônibus turísticas, os famosos sightseeing bus, operadas tanto pelo setor público (como em Curitiba) ou pelas agências de turismo (como na Serra Gaúcha e em muitas cidades do mundo), operando normalmente, com os pontos em frente as atrações turísticas e pontos de maior movimento como rodoviárias, estações de trem e zonas de alta concentração de hotéis, aonde se paga uma tarifa X por dia, podendo embarcar e desembarcar a vontade.


Curitiba
Gramado e Canela












Também há na maioria dessas cidades um bilhete único de turismo, ou popular mas de tamanha abrangência no sistema que o torna amigável para o turista, cujo uso é válido em todos os meios de transporte e cuja tarifa é válida de acordo com o número de dias e a distância que se vá percorrer nos deslocamentos (medidos geralmente por zonas). É o caso do OysterCard de Londres, do MetroCard de Nova York, do Abono Turistico de Madrid e, em uma escala maior, dos passes de trens Euro Rail e Japan Rail Pass, que além dos trens de longa distância permitem o uso nos trens metropolitanos. Quando estive em Tóquio, por exemplo, nem precisei usar o Metrô, por exemplo, já que a cobertura da rede de trens locais era tão abrangente quanto.
Abono Turístico de Madrid, passes válidos por dia

O Bilhete Único Carioca ou o Intermunicipal, apesar de ser válido em todos os modais de transporte da Região Metropolitana, é limitado na quantidade de integrações, é difícil de ser encontrado e carregado fora das estações de BRT.
No Rio, a existência de muitos agentes operadores de transporte atuando de maneira individual e competitiva aliada a desencontros dentro dos órgãos públicos, especialmente entre as secretarias de transporte e de turismo, em determinar regras para a criação de um serviço específico de transporte de caráter turístico sempre complicou muito a vida dos visitantes que preferem conhecer a cidade por conta própria, sem recorrer aos tours das agências de turismo, por exemplo, que é o meu caso.

É de espantar que, a oito meses dos Jogos Olímpicos, muito se fale a respeito da extensão de metrô, de melhorar a frota e de racionalizar as linhas, e pouco ou nada se fale a respeito de linhas turísticas ou de bilhete único turístico, e dentre as soluções adotadas foram adotar esse nome formal de Linha Circular, Linha Troncal e Linha Integrada; e dar uma pitada turística nas linhas que já existiam, como nas Integradas para a região da Barra onde todas seguem pela Orla ao invés de pelos corredores exclusivos BRS dentro do bairro que é aonde está a maior parte da demanda e das linhas de conexão, e nesse caso das Circulares, com o passeio de ida e volta dentro da Urca.

Abaixo coloco meu aplicativo de mapas que mostra com detalhes o itinerário de todas essas novas linhas. Até a próxima!


sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Mais mudanças nos ônibus da Zona Sul


A partir desse sábado 24/10 começam mais uma série de mudanças dentro das linhas de ônibus que atendem a Zona Sul do Rio. Aqui venho colocar e mapear as novas linhas que serão introduzidas e listar as linhas que serão encurtadas, modificadas ou extintas em definitivo.

Linha Troncal 3: Central X Leblon.
Essa linha seguirá exatamente o itinerário da 132 Central X Leblon, passando pelos corredores Rio Branco/1°de Março, Aterro, Copacabana e Ipanema.

Mapa: http://arcg.is/1MalWNt

Como consequência tanto a 132 como as linhas 121 Central X Copacabana e 123 Praça Mauá X Jardim de Alah serão extintas, e provavelmente a frota dessas duas linhas irá ser direcionada para essa nova linha Troncal.


Linha Troncal 4: Rodoviária X São Conrado.
Essa linha promete confundir a cabeça de algumas pessoas por algum tempo, principalmente por ter os mesmos pontos finais da 178 (Rodoviária X São Conrado), mas não se enganem, os itinerários das duas linhas são completamente diferentes.

A 178, que será mantida do jeito que está hoje, segue pelo Santo Cristo, Central, Praça Tiradentes, Lapa, Glória, Catete, Largo do Machado, Flamengo, Botafogo, Humaitá, Jardim Botânico, Gávea e Túnel Dois Irmãos.

A Troncal 4 seguirá pela Leopoldina, Presidente Vargas, Rio Branco/1°de Março, Aterro, Copacabana, Orlas de Ipanema e Leblon e Avenida Niemeyer.

Mapa: http://arcg.is/1MeVM2p

Ela substituirá as linhas 127 Rodoviária X Copacabana e 177 Praça Mauá X São Conrado, extintas nesse fim de semana (a 177 deixa de rodar no sábado e a 127 no domingo após o início da prova do ENEM).

Além disso, as seguintes linhas também serão extintas:

420 Vila Isabel x Praia de Botafogo (circular via Túnel Santa Bárbara) – parcial da 432

421 Vila Isabel x Prado Júnior (circular via Lapa) – parcial da 433

423 Grajaú x Real Grandeza (circular via Lapa) – parcial da 434

425 Grajaú x Real Grandeza (circular via Túnel Santa Bárbara) – parcial da 435

 (Nunca fizeram falta, para falar a verdade)

Já a lista de linhas encurtadas é grande, e atinge algumas linhas bem conhecidas:

No sábado 24/10 A 011 Rodoviária X Fátima passa a ser Rodoviária X Cinelândia circular

No domingo 25/10 A 456 deixará de ser NorteShopping X General Osório para ser Norteshopping X Siqueira Campos circular.

A 457 deixará de ser Abolição X General Osório para ser Abolição X Siqueira Campos circular



A 483 deixará de ser Penha X Copacabana (posto 6) para ser Penha X Siqueira Campos.

A 485 deixará de ser Penha X General Osório para ser Penha X Siqueira Campos. Continua com as variantes da UFRJ e Avenida Brasil

A 486 deixará de ser Fundão X General Osório para ser Fundão X Siqueira Campos.

A 503 deixará de ser Alto Leblon X Ipanema para ser Alto Leblon X Gávea

A 509 (antiga 124) deixará de ser Central X Horto para ser Jardim de Alah X Horto.

Observações minhas:

Dos males o menor: Pelo jeito recuaram com a intenção de fazer um terminal de ônibus no final da Praia de Botafogo em frente ao Mourisco, embaixo do Viaduto. Não tem nenhuma estrutura ali para suportar a quantidade de pontos finais.

Além disso é mantido o atendimento a Copacabana, que é o bairro que concentra a demanda dessas linhas na Zona Sul pelos seus serviços e pela praia.

Mas nesse caso a decisão de retirar as linhas da Praça General Osório pode ter tido um contexto simplesmente mais bairrista e fútil, por pressão dos moradores de Ipanema e do Arpoador, acreditando que tirar as ditas linhas que rumam à Zona Norte dali vá diminuir o número de assaltos e arrastões na área e nas Praias, já associadas com essas ocorrências.

A dúvida: Aquele ponto final da Rua Siqueira Campos em frente ao Metrô aguenta receber todas essas linhas? Mal aguenta hoje a frota da 557 (Rio das Pedras X Copacabana).

456 e 457 circulares é uma carga tremenda para os motoristas e cobradores.

Retirar a 123 e a 127 e colocar sua substituta para ir pela Presidente Vargas e Leopoldina prejudicará a ligação entre Zona Portuária e Zona Sul, sobrando apenas as infrequentes 128 (Rodoviária X Leblon) e 190 (Rodoviária X Leme). Que forma curiosa de aproximar mais uma área em revitalização (ou será em gentrificação?) para os locais que concentram as atrações, hotéis e praias da cidade.

Se o terminal da Praia de Botafogo não foi adiante, o mesmo não posso dizer do da Candelária, que abrigará a 455, 474 e 484 em breve.

Os mapas de todas as novas linhas integradas e troncais estão incluídos aqui:

domingo, 18 de outubro de 2015

Cidade do México: Plaza Garibaldi e Tlateloco

Neste post falo sobre alguns dos lugares mais icônicos da Cidade do México para os viajantes e turistas. Esses lugares apresentam um resumo de todas as imagens e estereótipos quando pensamos em cultura mexicana: Ruínas astecas, prédios coloniais espanhóis, mercados abertos, tequilla, mariachis e celebrações religiosas. E isso tudo junto ao Centro Histórico, de fácil acesso, realizável em uma manhã. Minha sugestão é para os que forem é que visitem primeiro a área histórica de Tlateloco pela manhã, antes que o sol fique muito forte, para seguir à Plaza Garibaldi para almoçar e degustar tequilla.
                                                                  Plaza Garibaldi. 

Ainda dentro do perímetro do Centro Histórico, ela está a poucas quadras do Museu de Belas Artes, seguindo na direção norte da Avenida Juarez, e ela é atendida pelo corredor de trólebus da Avenida assim como pela Linha 9 do metrô, estação Garibaldi. Nos recomendaram cautela ao caminhar nos arredores da Plaza por ser uma região degradada e considerada insegura, a leste está um dos bairros mais infames da capital, Tepito. Mas a Plaza em si tem um ambiente agradável, está bem cuidada, seus jardins são decorados com espécies da planta agave, usada na produção de tequilla.
A praça, rodeada por bares e restaurantes, é particularmente famosa por ser o local de concentração dos mariachis, os cantores vestidos a rigor com suas violas tocando ritmos tais como Cielito Lindo e Guantanamera, durante a noite uma das pedidas é sentar em uma das mesas ao ar livre e combinar um valor para o mariachi tocar as músicas enquanto se petisca e toma alguma cerveja ou tequilla.
                           
Falando nela, a tequilla é outro marco da Plaza Garibaldi. É aqui que se está localizado o Museo de La Tequilla, um prédio moderno de dois andares, com um acervo contendo as espécies de planta agave usadas para a produção, os processos envolvidos, as bebidas oriundas (principalmente tequilla e metzcal) e a variedade das marcas de tequillas.



Há ainda a história da bebida, em como ela surgiu como um símbolo de resistência às restrições espanholas aos produtos locais, impondo-se as bebidas tradicionais da metrópole como a cerveja e o vinho. No terraço do museu há um restaurante onde há jarros com as principais espécies de agave conhecidas.
 Há também uma ala dedicada à história dos mariachis, do seu surgimento no interior do país, em como foram se popularizando a partir dos movimentos de migração campo-cidade no século XX e como se tornaram um marco da cultura mexicana pelo mundo afora.
No final do passeio do museu há uma degustação de tequilla, e detalhe: Os mexicanos não colocam sal na beirada do copo, eles oferecem uma rodela de limão para morder depois de tomar o gole.

A Plaza Garibaldi contém ainda uma escola de mariachis e o Mercado Público de San Camilito, de restaurantes típicos, servido comida barata como tacos, burritos e pratos mais exóticos como pancita de buey. Todos os molhos que são oferecidos na mesa, invariavelmente, tem chili (pimenta), tem que provar para ver qual é o menos picante. Até o molho campanha lá leva pimenta!



                                                         Plaza de Las Tres Culturas




A pouco mais de 1 quilômetro ao norte, já no bairro de Tlateloco, está outra atração multicultural da Cidade do México: A Plaza de Las Tres Culturas, reunindo marcos arquitetônicos astecas, espanhóis e modernistas. Da Plaza Garibaldi ou do Museu de Belas Artes é só pegar o Trólebus sentido Tleteloco ou Autobuses Norte, é barato, seguro e rápido.
A Plaza de Las Tres Culturas reúne no mesmo espaço três construções que representam diferentes períodos da história mexicana: O Templo Asteca, datado do mesmo período do Templo Mayor e mais bem preservado; a Catedral de Santiago de Los Caballeros, uma dos primeiros templos católicos construídos na Cidade do México, e o Edifício do Instituto de Negócios Extrangeiros, da década de 1990, que abriga um centro cultural e de convenções. O ponto alto de visitar Tlateloco é que além de estarem em bom estado de conservação, a visitação a Plaza é de graça e é menos cheia de turistas. Quando fomos só tinha um grupo de turistas chineses ou japoneses.

Junto as ruínas, há um museu que conta todos os os momentos de glória e de tristeza ocorridos em Tlateloco durante todos esses períodos. Era um importante ponto de comércio às margens do Lago Texcoco, intercambiando mercadorias de valor entre a capital azteca Tenochtitlan e os demais vilarejos astecas e de outros povos no interior. Foi testemunha do massacre realizado pelos espanhóis no século XVI, mas seu Templo Mayor foi relativamente melhor preservado do que o da cidade principal. Durante a colonização foi um ponto de suporte para os espanhóis durante a revolução mexicana. Outro episódio lamentável desta praça foi em 1968, na véspera dos Jogos Olímpicos, onde as forças de segurança mexicanas reprimiram com extrema violência um protesto matando mais de 20 pessoas, a maioria estudantes universitários, e há um memorial em Obelisco em homenagem às vítimas. Ainda soube que o responsável desse massacre virou presidente do México dois anos depois.

As ruínas do Templo Azteca de Tlateloco são de um estilo semelhantes à do Templo Mayor, com estruturas em forma de pequenas pirâmides que se desenvolveram de dentro para fora, como uma Matrioska, aquela boneca russa de várias camadas.
Acredita-se de ter sido quase tão importante para os astecas quanto o Templo Mayor, aqui também eram prestados homenagens, oferendas e sacrifícios para os deuses, e ao longo do percurso entre as estruturas há placas orientando a respeito da história e da utilidade de cada uma delas. Ainda há resquícios de tinta e de adornos nas maiores pirâmides, embora Tlateloco aparentemente tenha menos adornos dos que eu vi no Templo Mayor e no complexo de pirâmides de Tenotihuacán.

A Catedral de Santiago foi durante o antigo vice-reinado uma das principais igrejas, enquanto a Catedral Metropolitana era construída no Centro. Ela chama a atenção pelo seu interior bem rústico, com as paredes todas revestidas de pedra, como muitas igrejas do período medieval europeu.

Ainda não tinha visto esse tipo de estrutura na América Latina. Anexo a Catedral havia um pequeno mosteiro que foi cedido ao Instituto de Negócios Estrangeiros, mas cujo pátio em estilo colonial, construído com paredes em forma de arcos e decorado com um jardim com uma fonte central, é aberto a visitação, e há salas com acervo dos materiais encontrados nas escavações que recuperaram as ruínas.




No próximo post do México, falarei sobre dois dos lugares mais frequentados dos visitantes na Cidade do México: O Santuário de Guadalupe e as Pirâmides de Tenotihuacan. Até a próxima!

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Cidade do México - Paseo de La Reforma e Coyoacán














Continuando com o relato da minha experiência na capital mexicana, nesse tópico abordo duas regiões da cidade completamente diferentes entre si mas ambas estão dentro de qualquer roteiro turístico que seja feito na Cidade do México, e são testemunha da grande variedade de ambientes presentes na grande urbe mexicana, além de serem também bem diferentes do Centro Histórico. Enquanto o Paseo de La Reforma concentra a maioria dos grandes edifícios modernos de escritórios e um vai e vem de pessoas frenético, o bairro de Coyoacán preserva um ambiente de cidade histórica do interior embora completamente inserido na urbe, onde a tranquilidade só é interrompida em breves momentos nos fins de semana pelos gritos das crianças brincando nas praças e pelas conversas das pessoas sentadas nos cafés ou nos bancos públicos. Ligando as duas áreas está uma das avenidas mais extensas do mundo, a Insurgentes, que além dessas duas áreas tão distintas atravessa tantas outras em seu percurso pela Cidade do México, mostrando uma variedade enorme de perfis.













Para ver o meu relato do Centro Histórico clique aqui: http://mobilidadeglobal.blogspot.com.br/2015/09/centro-historico-da-cidade-do-mexico.html



                                                              Paseo de La Reforma



 Desenvolvida sobre os aterros do Lago Texcoco, essa avenida de cerca de 4 quilômetros é a área onde se concentram bancos, seguradoras, embaixadas e muitas sedes de empresas na capital mexicana, sediando a bolsa de valores do país. Repleta de edifícios e arranha-céus modernosos. Qualquer semelhança com a Avenida Paulista não é mera coincidência, ambas se desenvolveram do mesmo raciocínio, a partir da transferência do setor financeiro e das grandes empresas para fora do saturado Centro, onde haviam limitações para o crescimento de novos edifícios e de expansão das ruas. Mesmo assim, ambas ainda estão dentro da área central, cercadas pelos bairros mais nobres, orientando o crescimento dos bairros destas classes na sua direção.

As diferenças pontuais: A Paulista tem melhor infra-estrutura, com ciclovia, calçadas mais largas e metrô que percorre no subterrâneo toda a Avenida. Já o Paseo de La Reforma ainda mantém um certo ar mais clássico e verde, mantendo um passeio ajardinado com árvores frondosas separando a pista central das locais; e com grandes monumentos se erguendo de rotatórias no meio da pista.



O mais importante deles é o Ángel de La Independencia, uma escultura de anjo em ouro no topo de um grande pilar, uma homenagem aos mexicanos tombados na guerra que tornou o México um país livre dos laços coloniais espanhóis.


Outro marco a independência está próximo ao Paseo: É o Arco de La Revolución, uma grande estrutura em arco de 60 metros de altura no meio de uma larga praça em cujo topo tem um mirante (alcançável por elevador panorâmico) com uma boa vista para boa parte da Cidade do México, já que apesar de grande a maioria dos seus edifícios são baixos. O Arco na realidade era parte de um projeto para a construção de um novo congresso em homenagem aos 100 anos da revolução mexicana(semelhante aos construídos em Montevideu e Buenos Aires) mas o momento instável do país naquele momento não permitiu que o projeto fosse adiante.













Não a toa, ele está exatamente alinhado com a Praça do Zócalo e o Palácio Nacional no sentido Leste-Oeste, no eixo composto pelas Avenidas Juarez e Francisco Madero e com a Praça da Alameda Central, que não a toa é hoje uma das vias mais movimentadas de carros e pedestres da cidade. Seria o equivalente ao que é hoje a Avneida de Mayo em Buenos Aires, atravessando o Centro porteño ligando a Casa Rosada-sede do governo- com o Congresso, é claro, se o projeto tivesse seguido adiante.


Ao longo do Paseo concentram-se muitos serviços variados, inclusive muitas marcas estrangeiras. Encontramos duas filiais da rede colombiana Juan Valdez Café, que serve bebidas quentes e frias a base de café muito boas, de deixar qualquer Starbucks no chinelo, uma pena que ainda não tenha entrado no Brasil.

Também estão presentes redes americanas não conhecidas em terras tupiniquins lanchamos um dia na Wendy's, que serve bons hamburgueres de forma quadrada e almoçamos outro dia na Olive Garden, boas massas por um preço razoável, com uma grande porção de salada incluída.
Há muitos outros pequenos restaurantes e serviços nas ruas transversais ao Paseo,
Na ponta oeste do Paseo há a entrada para o Bosque de Chapultepec, uma ampla e agradável área verde bastante frequentada pelos mexicanos e turistas. No topo de uma pequena colina há o Castillo de Chapultepec, onde hoje está sediado o Museu Nacional de História.

Dentro da área do Bosque há também o Museu Nacional de Antropologia, que guarda um acervo riquíssimo a respeito de todas as culturas que já habitaram o solo mexicano, atração indispensável de se conhecer.
Ao sul do Paseo há o bairro Roma, um bairro de classe média meio degradado que hoje passa por um processo de gentrificação, com a valorização de imóveis, surgimento de novos estabelecimentos comerciais e reforma urbanística das calçadas e ruas.
 No coração do bairro há a Plaza de Cibeles, inspirada na praça madrilenha, cujo modelo da estátua da deusa romana possui as mesmas dimensões da versão espanhola. Embora não esteja em um local monumental, a Cibeles mexicana é mais convidativa aos pedestres pois está em uma área mais verde e recentemente a prefeitura da Cidade do México ampliou as calçadas ao redor da Praça, colocando mesas e barracas e disponibilizando sinal de wifi gratuito, hoje virando um ponto bastante frequentado pelos locais e atraindo novos estabelecimentos na praça.



Avenida de Los Insurgentes:
É uma das avenidas mais extensas do mundo, atravessando a Cidade do México no sentido norte-sul por cerca de 40 quilômetros. Começa na Zona Norte junto a chegada da Autopista que vem do norte do país, em uma região da cidade mais pobre e decadente, e a medida em que segue para o sul a urbanização vai se diversificando. Quando ela cruza o Paseo de La Reforma seu perfil muda totalmente, e ela é rodeada de casas e edifícios de classe média e alguns prédios corporativos, e suas calçadas ficam cheias de pedestres e vendedores ambulantes de tudo: frutas, sucos, bijuterias, brinquedos e materiais dos mais diversos.
Próximo aos bairros históricos de San Angel e Coyoacán surgem algumas construções de caráter histórico como o Museo del Carmen, e próximo ao seu final ela é rodeada pelos edifícios universitários do UNAM, Universidade Autonoma do México, com o maior campus do país. A linha 1 do BRT Metrobus a acompanha por toda a extensão. O trecho entre o Paseo de La Reforma e a Universidade Nacional, ao sul, é o que concentra o maior número de atrações como o Museu del Carmen e os Estádios Universitário e Azul, este último casa da equipe do Cruz Azul, ao lado da imensa Plaza de Toros mexicana.

                                                                            Coyoacán



Esse distrito na zona sul da Cidade do México já foi uma cidade independente durante os tempos de vice-reinado, um local de ranchos e haciendas dos colonos às margens do Lago Texcoco. O imenso crescimento populacional do bairro não descaracterizou o seu Centro Histórico, arborizado e repleto de ateliês, restaurantes e cafés, lembra um pouco uma Santa Teresa (do Rio) sem as ladeiras, completamente plana. Aqui moraram personalidades importantes da história recente do México como o casal de pintores Frida Kahlo e Diego Rivera, assim como o exilado russo León Trotsky, assassinado a mando de Stálin em 1940 na casa que hoje abriga o seu museu no bairro.
Na minha opinião, Coyoacán me lembrou a cidade do Colônia do Sacramento, no Uruguai, sem a orla do Rio da Prata. Uma série de ruas e vielas antigas ladeadas por lampiões antigos, sobrados e casarões do tempo colonial, alguns de pedra, outros com imensas portas de madeira, invariavelmente com aquelas pequenas sacadas gradeadas junto a janela, e uma sensação de que o tempo passa mais devagar.














Para chegar desde o Paseo de La Reforma é só pegar o BRT Metrobus no cruzamento com a Insurgentes, ou ir de metrô, usando as linha 1 e 4 descendo na Estação Miguel de Quevedo, na entrada oeste da área histórica do bairro. A entrada leste fica próxima ao Terminal Sul de Autobuses, no metrô Taxqueña.
Nós começamos o percurso pela Avenida Francisco Sosa, construída em cima da primeira estrada de acesso ao antigo pueblo, e hoje é ladeada por antigas mansões coloniais e árvores frondosas, preservando um ambiente tranquilo em meio ao agito frenético da metrópole. Andamos cerca de 3 quilômetros por ela, observando a variedade de formas e cores das construções à via.
Pelo caminho passamos pela singela Iglesia de Santa Catalina, do século XVIII, e por alguns pequenos mercados especializados em marcas de tequila.
 No final da avenida há um imenso pórtico que simbolizava a entrada de um antigo convento que ocupava boa parte do bairro histórico, onde hoje está a praça principal, composta pelos Jardins Hidalgo e Centenário, com a Catedral de San Juan Bautista emoldurando. Parece uma típica praça do interior, ajardinada e cheia de bares e cafés, com crianças brincando, um coreto animado e vendedores oferecendo aquelas bolas de plástico enormes. Até percebi nas ruas uma quantidade maior de carros antigos como fuscas e chevetes. A Catedral de San Juan Bautista, na praça, do século XVIII é oriunda do antigo mosteiro sendo bastante ampla por dentro, embora sem os adornos de riqueza que as igrejas no Centro Histórico ostentam nos altares e molduras.


Espalhados pelo bairro estão outras praças ajardinadas como a Plaza de La Conchita, e os Museus de Frida Kahlo e de León Trotsky, entre outros, mas como só chegamos as 17:00 já estavam todos a ponto de fechar, então visitá-los ficou para a próxima visita ao México. Para sair tomamos uma buseta bem velha que fosse até o metrô Coyoacán, fora da área histórica.
    










Na próxima postagem da Cidade do México falarei sobre a Basílica de Guadalupe e o Eixo Central. Aqui abaixo está o aplicativo com os mapas dos nossos passeios na Cidade do México. Até a próxima!