domingo, 28 de maio de 2017

A experiência de viajar na linha de ônibus mais longa do mundo


A linha mais longa do mundo foi aberta pela empresa peruana Expreso Ormeño em 2011 ligando as cidades de São Paulo e Lima, com uma extensão aproximada de 5600 km e duração de 5 dias. Isso foi possível principalmente após a inauguração da Rodovia do Pacífico possibilitando uma ligação asfaltada confiável entre o Brasil e o Peru, e desde então eu coloquei nos meus planos de viagem percorrê-la de ponta a ponta.

Posteriormente em 2016 ela foi esticada até o Rio de Janeiro, atravessando o continente sul-americano em um percurso de extensão de 6035 quilômetros.

Desde então houve uma grande cobertura da mídia, sendo até tema de reportagens especiais na Globo, Record e SBT a respeito da viagem, se tornando alvo de muitos viajantes de diferentes nacionalidades a procura de maiores informações à seu respeito.

Hoje a partida da linha é feita às quartas-feiras às 13:00 do Rio de Janeiro, com parada às 20:00 em São Paulo, e mais a frente parando para embarque de passageiros em Porto Velho e Rio Branco, e depois da fronteira há o desembarque (e mais embarques) em Puerto Maldonado, Cuzco, Nazca e Ica, antes de chegar em Lima na madrugada de domingo para segunda. As saídas de Lima para o Brasil são às quintas à noite, passando na rodoviária de Cuzco nas madrugadas de sexta para sábado aproximadamente.

Embora não seja o caminho mais curto, esse ônibus costuma ser mais confiável do que o trajeto pela Bolívia, mais conhecido dos viajantes, mas que exige baldeações várias vezes e onde nem sempre as estradas são confiáveis, tendo eu mesmo passado por uma experiência bem complicada quando fazia essa rota em Janeiro de 2016 (para ver a experiência clique aqui).
Plataforma de embarque na Rodoviária Novo Rio

O ônibus faz paradas duas vezes ao dia para os passageiros poderem comer e tomar banho. Para encarar as longas horas de viagem, é necessário levar uma mala de mão -de preferência uma mochila de ataque- que tenha:
-Água e pacotes de salgados e biscoitos (sempre procurar comprar mais nas paradas)
-Bateria portátil já que não há tomadas a bordo.
-Repelente para a travessia do rio Madeira por balsa em Rondônia
-Shampoo, sabonete, toalha e papel higiênico, além de escova de cabelo e escova e pasta de dente.
-Pelo menos duas mudas de roupa e chinelos.
-Almofadas e coberta, faz frio durante a noite e principalmente no trecho da cordilheira.
-Um bom remédio para dormir

Leve também alguma revista de sudoku, palavras cruzadas ou um livro, para não depender só da sua lista de músicas e dos filmes exibidos a bordo, pelo mínimo uns quatro por dia, desde comédias até suspense.

Minha viagem foi um ônibus de dois andares, o andar de baixo contém o banheiro (onde faltou água boa parte da viagem) e a classe leito, um pouco mais cara, mas com melhores poltronas, mais espaçosas e de maior recline, 12 no total. Já o andar de cima tem a classe semi-leito, com 52 assentos, com bom recline e descanso para os pés. Os assentos de 1 a 4 são junto ao para-brisa, quem viaja ali vai de frente, com vista plena para a estrada. Ainda havia um frigobar junto à escada, que ficou trancado a viagem toda.
Andar de cima, classe semi-leito


O chato é que, além de o vidro estar sujo lá em cima, tem um adesivo enorme ali com o nome da empresa que pode atrapalhar as fotos. Eu viajei na poltrona de número 1, de classe semi-leito, tendo comprado a passagem em 30 de Novembro na agência da Rodoviária do Tietê para embarque em 5 de Janeiro na Rodoviária Novo Rio, por R$ 890,00 o trecho total entre Rio e Lima. A classe leito estava em R$ 960,00, e acredito que há um desconto para quem também compra a passagem de volta em ambas as classes.
Bilhete da Ormeño


Chegado o dia tão esperado, cheguei na Rodoviária Novo Rio às 12:00 e esperei até 12:30 para o funcionário da Ormeño chamar para o embarque, junto ao guichê da empresa no piso térreo voltado para o Porto, junto de onde partem os ônibus para Petrópolis e Angra.

O ônibus já estava lá, junto com os dois motoristas que revezavam a direção durante a viagem, e junto com o funcionário do guichê verificavam os bilhetes e a bagagem a ser despachada (cada passageiro pode levar até 30 quilos no bagageiro, o meu mochilão "só" tinha 8, mais uns 5 na mochila de ataque). Embarcaram além de mim outras 8 pessoas no Rio.

Bagageiro


Os motoristas, ambos peruanos, não falavam português e eram meio fechados. O ar-condicionado funcionou bem a viagem toda e os filmes rodavam direto entre as 8 da manhã e as 10 da noite.

O ônibus partiu pontualmente às 13:00 da Rodoviária e seguiu pela Dutra sem grandes inconveniências, só um engarrafamento de 20 minutos em Nova Iguaçu por causa de uma batida.
Saída do Rio de Janeiro com o Pico do Corcovado ao fundo

Porto do Rio de Janeiro

Via Dutra com a Serra de Itatiaia ao fundo, cujos picos superam os 2500 metros de altitude

Pequena represa no Rio Paraíba do Sul as margens da Via Dutra
Entre às 16:30 e 17:00 ele fez uma parada no posto Frango Assado em Roseira, já em São Paulo.
Às 18:00 ele passou pelo trecho de São José dos Campos, cidade onde moro hoje.
Parada Frango Assado em Roseira, SP

Atravessando São José dos Campos, SP
 Às 19:30, já com o sol bem baixo, o ônibus chegou na Rodoviária do Tietê em São Paulo, onde os passageiros desceram da plataforma para os funcionários fazerem o controle dos documentos e das passagens mais atenciosamente.
Ponte estaiada de Guarulhos

Chegada da Via Dutra à São Paulo

Entrada na Marginal Tietê
Ônibus da Ormeño no Terminal Rodoviário Tietê. Foto tirada depois de ter voltado de viagem

 Depois disso, voltamos para o ônibus e foi liberado o embarque dos passageiros de São Paulo, pelo menos umas 20 pessoas, entre peruanos e brasileiros. A saída do ônibus foi às 20:15 e depois de encarar aquele trânsito típico da Marginal Tietê, ele entrou na Rodovia Castelo Branco e seguiu veloz interior adentro.

De madrugada o ônibus fez ao menos uma parada, na entrada da cidade de Presidente Prudente. Ao entrar no estado do Mato Grosso do Sul há que atrasar o relógio em uma hora já que não estava dentro da zona do horário de verão.

Na manhã do dia 6 ele passou pelo contorno de Campo Grande e fez uma parada na cidade de Bandeirantes para o café, e alguns passageiros já foram tomar banho.
Passagem por Campo Grande

Lanchonete em Bandeirantes, MS

Rodovia BR-163

O trecho no Mato Grosso do Sul e no trecho do Mato Grosso até Rondonópolis são cercadas de plantações de milho e soja em ambos os lados. A rodovia (BR-163) é privatizada e está sob obras de duplicação até Cuiabá, e a situação varia muito entre um trecho e outro.

A monotonia da viagem começa a bater forte, e os passageiros começam a conversar entre si, contando suas histórias; é a família voltando para o Peru após visitar parentes que moram no Brasil; os de primeira viagem pro exterior ansiosos por entrar em contato com novas culturas; e os viajantes experientes de longa data querendo acrescentar a viagem na linha mais longa do mundo no seu rol de conquistas, dentre outras histórias.

O almoço foi a tarde numa parada na cidade de Sonora, última no MS antes da divisa com o MT. Um lugar bem pacato, onde a comida veio em marmitex. Além disso muitas galinhas ciscavam pelo posto, e na frente havia um posto de táxi onde os taxistas esperam os passageiros que chegam à cidade deitados em redes.
Parada em Sonora, MS


Ponto de táxi em Sonora, MS

No trecho entre Rondonópolis e Cuiabá a estrada é simples e cheia de obras, e passa por um trecho de serra com belas paisagens.
Divisa MS/MT

Rondonópolis, MT

Passagem por Cuiabá

O ônibus contornou Cuiabá por volta das 20:00 e seguiu adiante pela BR-174 rumo ao Norte. Houve uma parada na cidade de Mirassol d'Oeste às 22:30 para jantar (na verdade fazer um lanche noturno) em uma pequena parada repleta de outros ônibus que seguiam rumo à Rondônia e Acre.

Pela manhã da sexta, dia 7, ele entrou em Rondônia, por onde rodou o dia inteiro. Foram mais de 1000 quilômetros percorridos em solo rondonense. O fuso de Rondônia era de uma hora a menos que no Mato Grosso, ou seja, 2 horas a menos que o horário de verão. A estrada havia piorado muito, com muitas ondulações e buracos na pista, continuava sendo de pista simples e com muitos caminhões trafegando, achei que era a etapa da viagem mais cansativa até então.
BR-364 em Vilhena, RO

Soja nos dois lados da pista

Mata nativa


Além da soja, também havia muito eucalipto e gado às margens, além de pedaços de floresta nativa.
Diminuíram também as cidades atravessadas pela via (muitas servem de base para os agricultores com muito comércio de peças e pesticidas) e o sinal do telefone era bem fraco, o de internet só pegava junto às cidades.
Trecho crítico a frente

Atravessando Cacoal, RO


O almoço foi feito ao meio-dia em uma paradinha perto da cidade de Ji-Paraná, um lugar bem simples que servia pratos feitos de macarrão, carne e frango.
Parada para almoço em Rondônia

Ji-Paraná, RO

BR-364 em Rondônia

O final da tarde houve uma parada mais longa para limpeza do ônibus em um posto Petrobras chegando à Porto Velho, que contava com uma boa estrutura para tomar banho, foi onde a maioria dos passageiros (incluindo eu) aproveitou para tirar a sujeira do corpo.

Após essa parada, o ônibus entrou em Porto Velho, parando na Rodoviária para embarque de passageiros, que não foram poucos. Eram principalmente brasileiros saindo de férias para o Peru.
Passagem em Porto Velho, RO

Rodoviária de Porto Velho, RO


Houve mais uma parada ligeira em um posto cerca de uma hora após Porto Velho, em Novo Mutum, para limpeza do ônibus. A estrada após Porto Velho era isolada e em bom estado, então o motorista começou a correr muito.

Mais a frente, chegou a hora de atravessar a balsa do Rio Madeira: Todos os passageiros desembarcaram do ônibus e embarcaram na balsa a pé, em seguida o ônibus entrou apenas com o motorista a bordo.

Saída para a travessia da balsa

Travessia da balsa
O clima estava bastante abafado e com mosquitos, o repelente foi muito útil! Após o término da travessia todos os passageiros subiram a pé a rampa até a continuação da estrada, onde voltaram a embarcar no ônibus. Está sendo construída a ponte sobre o rio, com conclusão prevista até 2018.
Repelente à mão

A bordo da balsa


De madrugada houve a entrada no Acre, com embarque de passageiros na Rodoviária de Rio Branco, onde o motorista chegou duas horas adiantado (a correria e a fila pequena na balsa) e teve que esperar até a hora correta de saída.
Rodoviária de Rio Branco, AC


O ônibus saiu de Rio Branco lotado, e de manhã já estava percorrendo a rodovia do Pacífico, em direção ao Peru. Embora seja uma rodovia recente (inaugurada em 2010) ela já está precisando de reparos em vários trechos, o ônibus teve que ziguezaguear na pista para fugir dos buracos várias vezes.

Rodovia do Pacífico em Brasilândia, AC
Por volta das 10 da manhã ele parou no posto alfandegário de Assis Brasil, última cidade antes da fronteira, em um prédio novo mas já com cara de quem precisa de uma reforma. Cobertura zero de telefone e internet.
Posto alfandegário em Assis Brasil, AC


Ali todos os passageiros devem registrar a saída do Brasil para poderem mais a frente entrar no Peru. Os que estão viajando só com o documento de identidade devem preencher um formulário de saída para então o oficial da Polícia Federal registrar a saída, os que levaram passaporte (como eu) não foi necessário preencher nada, só apresentá-lo para o oficial para ele carimbar a saída.



Como a maioria dos passageiros aparentemente viajava com as identidades, e além disso ainda haveria uma revisão do ônibus pela alfândega, os motoristas sugeriram aos passageiros já irem se deslocando para o lado peruano para adiantarem a migração lá. Podiam tomar os mototáxis peruanos estilo tuk-tuk ou ir caminhando os 2,5 km até lá.
Pra mim foi uma deixa para esticar as pernas depois de 3 dias só sentado. Fui andando com o comissário peruano aprendiz do ônibus, pra praticar o meu espanhol, que foi me contando das outras linhas da empresa pela América do Sul e das belezas dos lugares que ele já tinha passado.
Caminhada rumo ao Peru!

A fronteira entre Brasil e Peru é um rio, atravessado por uma ponte moderna com as cores dos dois países. No outro lado está a cidade de Iñapari, basicamente umas poucas casas às margens da estrada. No final da cidadezinha está o posto de migração e da alfândega peruana, com barricadas a frente e policiais vigiando o fluxo de veículos.
Posto de migração e fiscalização em Iñapari, Peru

Ali, todos os passageiros devem registrar a entrada no Peru. Os brasileiros e demais estrangeiros precisam preencher um formulário de turismo conhecido como Tarjeta Migratória, onde colocam seus dados e o endereço de onde vão ficar no país.

As perguntas do policial foram o motivo da viagem, pra que lugares eu ia e quantos dias eu ia ficar no país. Brasileiros podem ficar até 90 dias, mas geralmente eles dão permissão para menos, de acordo com o número de dias que você vai ficar. Como eu disse que eu ia ficar nove dias, ele me deu só um carimbo no passaporte para quinze dias. Mesma coisa aconteceu na minha primeira viagem ao Peru, no Aeroporto de Lima, onde eu recebi o carimbo de entrada com permissão para 30 dias após dizer que ia ficar 12 dias no país. É uma postura mais rígida em relação a outros países da América do Sul, se quiser ou precisar de mais tempo, como os 90 dias por inteiro, então diga-o ao policial no momento da entrada.
Entrada em território peruano

Ao lado do posto há algumas biroscas e um mercadinho onde já estão presentes as marcas peruanas, como a famosa Inca Kola. Almocei um sanduíche enquanto os passageiros iam fazendo a migração. Logo, o ônibus chegou vindo do Brasil. Após todos os passageiros terem feito a migração e almoçado, os motoristas tiram do bagageiro todas as malas para passarem na revista dos oficiais da alfândega peruana, onde todos os passageiros devem declarar se estão trazendo comida ou artefatos proibidos e abrirem as malas paras os fiscais checarem e derem o aval. Essa parte demora umas duas horas e é meio desorganizada. Enquanto isso, outros fiscais checam o interior do ônibus vazio.

Só após isso o ônibus é liberado para seguir viagem. Logo na hora da partida passa por nós o outro ônibus da Ormeño no sentido contrário, vindo de Lima e indo para o Rio de Janeiro.

O trecho da estrada peruana é de qualidade muito superior ao do lado brasileiro, bem conservada e sinalizada, afinal é concessionada pela Odebrecht, responsável pela construção da estrada. Há pedágios constantes ao longo da via. No trecho peruano a floresta se aproxima bem da estrada, com enormes árvores em ambos os lados.
Gado invadindo à estrada

Floresta amazônica às margens
Assentamentos no lado peruano

Duas horas e meia após a fronteira há a chegada em Puerto Maldonado, uma grande cidade desorganizada as margens do Rio Madre de Dios, atravessado por uma grande ponte.
Rio Madre de Dios
Ponte na entrada de Puerto Maldonado

 O ônibus faz uma parada de meia hora na quente rodoviária da cidade, feita no meio de um bairro precário com ruas de terra. Todos descem para lanchar e se abastecer já que a próxima parada só será no dia seguinte.
Rodoviária de Puerto Maldonado

Rodoviária de Puerto Maldonado

Após Puerto Maldonado a estrada continua atravessando de forma quase reta a floresta, passando por um assentamento de palafitas de aparência bem precária sobre os igarapés, e com muito lixo acumulado no acostamento, que vivem da indústria descontrolada da madeira e do garimpo, potencializados na região após a abertura da estrada. Ao longe dá para ver os detritos deixados pela mineração, com muitos areais e poços de água contaminados por mercúrio. Muito feio e triste.
Assentamento de palafitas sobre o igarapé as margens da rodovia

Lixo acumulado no acostamento da estrada


É só nas últimas luzes do dia que o ônibus começa a subir as primeiras faces da Cordilheira dos Andes. Os leitos dos rios ficaram pedregosos, e as curvas da estrada, intermináveis. Tive que apelar para o Dramin para conseguir dormir tranquilo, torcendo para o tempo ficar bom e não acontecer algo semelhante à minha experiência na cordilheira boliviana.
Começo da subida


Mas a viagem prosseguiu tranquila, e a temperatura do ônibus diminuía rapidamente, hora de usar o cobertor e dormir de jaqueta. É importante dormir também para aliviar um pouco os sintomas do mal de altitude já que o ônibus sobe de 300 para 4600 metros acima do nível do mar em poucas horas.

As duas da manhã o ônibus para na Rodoviária de Cuzco, onde mais da metade dos passageiros desembarca. Outros passageiros também embarcam rumo à Lima, muitos peruanos e turistas, incluindo alguns argentinos e europeus.

O amanhecer é no meio dos vales andinos cercados de névoa.

 O ônibus subia e descia em ziguezague por um longo tempo, atravessou a cidade de Abancay sem parar e seguiu por um longo canyon junto a um rio até a parada para o café da manhã, em um lugar rústico onde os lavatórios são fora, expostos.

Lavatórios



Fazia um frio ligeiro apesar do sol. Havia ao lado da parada uma ponte sobre o rio onde deu para tirar boas fotos.


Depois da parada a estrada voltou a subir até atingir os campos do altiplano andino, com muitas lhamas e picos nevados à distância, passando por pequenas cidades nas encostas.
Estrada limpa após desilizamento

Altiplano com as lhamas

Cordilheira Nevada
Durante a tarde foi feita a descida definitiva para Nazca, onde a estrada beirava imensos precipícios. Após desembarcar alguns passageiros na cidade, o ônibus atravessou o deserto onde estão desenhadas as linhas de Nazca (de baixo não se percebe nada de especial) e fez a última parada logo após em um pequeno restaurante, no fim do dia.
Deserto das linhas de Nazca


Incrível como o humor melhora após ter saído da altitude e ter comido algo decente após um dia inteiro a base de um lanchinho. Também, agora faltavam só algumas poucas horas para o destino final do ônibus.
Parada em Nazca, faltam só 6 horas até Lima!

Entre Nazca e Lima o ônibus percorreu a rota Panamericana, que atravessa o país de Norte a Sul e tem um movimento bem pesado, mas sem engarrafamentos. Muitos trechos era atravessando um largo deserto, com as dunas de areia às margens. Dava para perceber em alguns momentos o Oceano Pacífico à esquerda. Houve uma ligeira parada na cidade de Ica para desembarque, depois a rodovia virou uma boa auto-estrada duplicada e mais quatro horas de viagem houve a chegada final na garagem da empresa em Lima, às 00:30 de segunda-feira, dia 09 de Janeiro, 108 horas após a partida do Rio de Janeiro.

Tomei um táxi até o hostel em que havia reservado -e que já havia ficado na minha primeira viagem à cidade em 2014- e pude desfrutar de uma cama de verdade após 4 noites dormindo em poltrona de ônibus.

No final, apesar do imenso desgaste físico e psicológico sofrido e dos perrengues enfrentados, essa viagem foi uma grande experiência, atravessando uma sequência de paisagens, ambientes, geografias tão distintas entre si, e encontrando diferentes pessoas de várias partes em apenas uma grande única viagem de ônibus foi incrível para mim.

Após Lima, continuei viagem ao norte do Peru, Equador e Colômbia, tudo de ônibus, até o regresso ao Brasil, de avião, saindo de Bogotá.

Até a próxima!