O México estava na minha lista de países a se conhecer há muito tempo, talvez fosse o país da América Latina que eu tivesse mais vontade de visitar, pela diversidade de culturas, paisagens e atrativos. A oportunidade apareceu quando após ter minhas férias marcadas procurando nos sites de viagem e das companhias aéreas encontrei um preço de 400 dólares ida e volta do Brasil para a Cidade do México pela panamenha Copa Airlines, decolando do Galeão dia 11 de Agosto e retornando para Guarulhos no dia 20. A início iria sozinho desvendar a capital mexicana e seus arredores dentro desse período, incluindo cidades coloniais, sítios arqueológicos e montanhas.
Mas foi quando apareceu a oportunidade do meu irmão Guido me acompanhar, já que a UFRJ continuava com as atividades paralisadas por causa da greve, e os preços da Copa continuaram baixos. Tendo isso em conta resolvi mudar o itinerário para incluir a região de Península de Yucatan, com Cancun, a Rivera Maia e as Piramides Maias de Chichen Itza, nomeada assim como o Cristo uma das 7 maravilhas do mundo. Afinal, fiz as contas e calculei que todos os deslocamentos de ônibus do primeiro plano entre as cidades coloniais fossem custar ao menos uma passagem aérea de ida e volta entre a capital e Cancun, cerca de 700 reais por pessoa.
Tendo o itinerário já definido e combinado, organizei os documentos pra não rolar nenhum problema: Passaporte válido, passagens de ida e volta, reserva dos hoteis e um seguro de viagem internacional válido entre os dias 11 e 20. Tudo isso organizado, vamos ao relato:
Etapa 1: Vôo Rio-Panamá
Fizemos o check-in online no site da Copa e imprimimos o cartão de embarque antes de ir para o Aeroporto, não só para marcar nossos assentos, mas para garantir que embarcaríamos, já que li relatos em sites de viagens como TripAdvisor e Skytrax que não era incomum casos de overbooking em vôos da Copa. Chegamos ao Terminal 1 do Galeão as 22:30, exatamente três horas antes da saída do vôo da Copa, e já tinha uma fila em frente ao check-in. O público era variado, incluindo famílias com crianças, latinos, americanos, entre outros. O atendimento começou cerca de 15 minutos depois, e como nós tinhamos nossos cartões de embarque em mão, fomos direto numa fila específica e bem menor. Deixamos as malas e adentramos na sala de embarque internacional, ainda bastante modesta, com uma cafeteria e uma duty-free pequena. Pelo menos o sinal do wifi gratuito de 1 hora estava bom. Espero que em breve a situação mude, pois no caminho observei as obras em curso no aeroporto, tocadas pela concessionária RioGaleão, como o novo pier internacional do Terminal 2 e a ampliação dos edifícios-garagem de ambos os terminais.
As 1 da manha em ponto começou o embarque, todo bem organizado dividido em grupos determinados, grupo 1 os com prioridade, grupo 2 a executiva e portadores de cartões de milhagem e prêmios, e grupos 3, 4 e 5 o restante da classe econômica.
A aeronave era um Boeing 737-800 next-generation com telas de entretenimento individual, gostei do espaço entre assentos (não tenho boas experiências nesse quesito nos 737 por causa da Gol e da Ryanair). Os 5.281 quilômetros entre o Rio e o Panamá seriam superados em cerca de 7 horas segundo o comandante, e a decolagem foi bastante tranquila. A tripulação foi cordial, apesar de não falarem português se esforçaram para entender os pedidos dos brasileiros, e durante o vôo circulavam pelo corredor oferecendo água. A variedade da programação foi interessante, assisti o Segundo Exótico Hotel Marigold e depois adormeci. Acordei com o sol nascendo enquanto sobrevoávamos a Colômbia, onde foi servido um café da manha, um pão com ovos e biscoitos recheados e suco. Logo depois do café começou a descida para o pouso no Aeroporto Internacional Tocumen, no Panamá, dado as 6:55 da manhã, e a tela de entretenimento nos passou a informação de qual seria o portão para o nosso vôo de conexão para a Cidade do México.
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Embraer 190 da Copa no Aeroporto de Tocumen |
Aeroporto de Tocumen e vôo Panamá-México
O Aeroporto Internacional de Tocumen é o hub da Copa Airlines, de onde ela opera vôos para todos os países da América exceto Suriname e Guiana Francesa, além de uma série de destinos no Caribe. Devido a sua posição geográfica, praticamente no meio do continente americano, isso viabiliza vôos operados com aviões mais econômicos em consumo e em manutenção, como os Boeings 737 e os Embraers 190 (mesmo modelo que os da Azul).
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Aeroporto de Tocumen |
É um Aeroporto amplo, que parece crescer a medida que a própria Copa aumenta sua malha de destinos, está em construção um novo Terminal anexo ao existente, e o publico é o mais variado possível, desde famílias a mochileiros e imigrantes. As conexões são fáceis pois o desembarque é dentro da área de embarque, uma vez fora do avião é só caminhar para a porta do seu próximo voo, não tendo que passar por imigração e alfândega panamenhas (a não ser que se queira sair do aeroporto em caso de conexões muito longas ou stopovers programados). Há muitas lojas de Duty-Free e eletrônicos dentro da área de embarque, além de restaurantes no piso superior. Em algumas portas de embarque há maquinas de raio-X para uma revisão extra, usados nos vôos para os EUA.
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Portas de embarque de Tocumen |
As 9 e meia, começou o nosso embarque para o voo para o Mexico, e a decolagem foi bem pontual, as 9:52 conforme previsto. Os arredores do Aeroporto Panamenho são parecidos com a dos brasileiros, uma mata tropical misturada com capim e ao longe, uma serra florestada. E apesar do bom ar-condicionado do terminal, se sente o calor abafado nos fingers de acesso aos aviões.
O Boeing 737 NG que nos levou por 3 horas até o México era quase igual ao do primeiro voo, mas não tinha telas de entretenimento individual, por sorte peguei no sono pouco depois da decolagem e só acordei na metade do caminho, quando os comissários fizeram o serviço de bordo, um almoço de espaguete com molho de tomate que estava bom. Viajamos na janela e podemos ver a paisagem da America Central. Na parte final da viagem nos entregaram os formulários de migração e alfândega mexicanos, relativamente fáceis, só tem que prestar atenção no item 8 - Numero de Tarjeta Migratoria, deixem em branco pois somente estrangeiros que vivem no México podem preencher. Logo depois começou a descida, sob turbulenta já que o tempo estava encoberto, e o pouso foi duro e forte, as 13:10.
Etapa 3: Aeropuerto Internacional Benito Juarez e primeiros passos no Centro Histórico
Desembarcamos no Terminal 2, o mais moderno, inaugurado em 2007, usado pela Copa, LAN, Delta e Aeromexico, cuja arquitetura lembra um enorme ralador, devido as inúmeras janelinhas ovais espalhadas pelas paredes e tetos. O interior é amplo, apesar de meio cinzento, e a sinalização é eficiente.
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Terminal 2 do Aeroporto Benito Juarez |
Logo já estávamos na fila da imigração, que apesar de longa andava até rápido, com auxiliares para verificarem se os formulários estavam preenchidos corretamente, e logo fomos atendidos. A oficial fez perguntas básicas como: -Primeira vez no México? Quantos dias ficam? Que lugares vão visitar?, para depois carimbar os passaportes e nos entregar um pedaço do formulário que deve ficar junto ao passaporte até o momento da saída do país. Nos dirigimos a alfândega, e enquanto esperávamos as bagagens víamos o movimento de policiais com cães farejadores, que vasculham as bagagens de todos os voos internacionais que chegam no país. Na alfândega todas as malas passam por raio-X e depois há um sinal aleatório de verificação extra, você aperta um botão e se o sinal mostrar a luz verde, você pode ir; se mostra a luz vermelha, passa por uma verificação extra, o meu deu verde mas o Guido teve que passar por uma verificação extra, que durou poucos minutos, logo estávamos no hall de desembarque, com muitas casas de câmbio e lojas de conveniência. Levamos dólares e euros já que havia pesquisado que renderia 5 pesos mexicanos a cada real no final, enquanto que trocando de real a peso diretamente renderia apenas 4 pesos por 1 real - Mas atenção! Muitas casas de câmbio no Brasil e no México realmente fazem essa cotação, mas achei uma casa de câmbio no Terminal 1 que fez a cotação 1 real = 5,10 pesos, ou seja, uma cotação muito boa! Troquei uns 200 reais lá.
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Terminal 2 visto do Aerotren |
O Terminal 2 está a uns 2 quilômetros do Terminal 1, do outro lado da pista, onde a maioria das empresas aéreas operam. Entre os dois terminais há um serviço de shuttle gratuito através de ônibus vermelhos que saem da Porta 3 no T2 e da Porta 7 no T1. Outra opção disponível é o também gratuito Aerotrén, um monotrilho que faz a ligação entre os dois terminais em 4 minutos, mas somente funcionários e passageiros de vôos que chegaram ou vão partir naquele dia podem usar, apresentando o passe de embarque.
Para ir do Aeroporto para o Centro, além de usar os serviços de táxi, há as opções do serviço especial do BRT Metrobus e do Metrô, cada uma com seus prós e contras. O serviço especial do BRT custa 30 pesos, feito em ônibus piso baixo com bagageiros a bordo, e os pontos estão junto aos dos shuttle entre os terminais, mas para embarcar é necessário adquirir o cartão recarregável Tarjeta DF, por 10 pesos, nas máquinas junto as portas, e elas estavam quebradas naquele dia.
Resolvemos usar o Metrô então. A estação Terminal Aérea fica anexa ao Terminal 1, junto ao portão 1, então tivemos que pegar o Aerotren para lá e depois embarcar. O metrô é muito barato, cerca de 5 pesos a viagem, e o cartão Tarjeta DF pode ser comprado nas bilheterias e é aceito em todas a rede de Metrô e BRT. No total são 12 linhas de metrô, atendendo a Aeroporto e todas as Rodoviárias da capital, mas não imaginem uma rede com padrão japonês de eficiência e conforto. É uma rede antiga, quase sem escadas rolantes (na estação do Aeroporto não há), com trens antigos sem ar-condicionado, e que quase sempre anda cheia. Para ir para o Centro Histórico é necessário fazer ao menos 1 troca de linha, na Estação Pantitlan, e os corredores de ligação podem ser longos e cheios de gente, até mesmo ambulantes e pedintes no chão. Mais para a frente falarei mais especificamente do Metrô mexicano.
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Estação do Metrô Terminal Aérea |
Como eram por volta de 3 e meia da tarde, o metrô estava relativamente vazio, conseguimos ir sentados nas duas linhas que usamos até descemos na Estação Isabel La Católica, e andamos as 3 quadras pela rua de mesmo nome até o Hostal Amigo, onde ficaríamos as próximas 4 noites.
Depois de um breve descanso, por volta das 7 da tarde saímos para dar uma breve volta no Centro Histórico, jantamos na rede de restaurantes VIPS algumas tortilhas e tacos, e depois passamos rapidamente pelo Zócalo, a grande Plaza de Armas da capital mexicana, rodeada por imponentes prédios, com destaque para a Catedral Metropolitana e para o Palácio Nacional.
Na próxima postagem eu conto mais sobre nossos passeios na Cidade do México e os principais pontos turísticos que visitamos, com as séries de mapas da cidade com os lugares que visitamos. Até a próxima!