PORTO ALEGRE – 18 de Fevereiro de 2015
1-Manhã
O último dia da minha viagem de carnaval para o Uruguai foi
passado quase inteiramente na capital gaúcha, enquanto esperava a saída do voo
para o Aeroporto de Guarulhos, as 18:20. Não consegui ver tudo o que o Uruguai oferece (faltou ir a Casapueblo, Estádio Centenário, Cabo Polonio e Fortalezas del Cerro e de Santa Teresa, dentre outros) mas até que é legal assim pois é mais uma lista de motivos para me fazer voltar lá. Voltando a Porto Alegre, essa longa espera foi justamente para
conhecer a cidade, e ver se aquele ar portenho dos vizinhos uruguaios e
argentinos influenciava de alguma forma o modo de vida portalegrense, queria
também ver os traços da cultura gaúcha, tão valorizados por lá. O tempo ajudou,
com sol e calor o dia todo.
O ônibus da EGA entrou pela cidade passando pela ponte sobre o Rio Guaíba, passando ao lado da moderna Arena do Grêmio, e encostou na Rodoviária as 8:00, exatamente 12 horas após a saída do Terminal Tres Cruces de Montevideo. Veio bastante cheio, por sinal, e estavam previsto outras duas chegadas extras de lá por causa do feriadão. A Rodoviária de Porto Alegre é antiga e grande, e encontrar o guarda-volumes para deixar a bagagem demorou um pouco.
O ônibus da EGA entrou pela cidade passando pela ponte sobre o Rio Guaíba, passando ao lado da moderna Arena do Grêmio, e encostou na Rodoviária as 8:00, exatamente 12 horas após a saída do Terminal Tres Cruces de Montevideo. Veio bastante cheio, por sinal, e estavam previsto outras duas chegadas extras de lá por causa do feriadão. A Rodoviária de Porto Alegre é antiga e grande, e encontrar o guarda-volumes para deixar a bagagem demorou um pouco.
Para sair da Rodoviária usei a passagem subterrânea da
estação do metrô para atravessar a avenida e seguir em direção ao Centro. Como
quarta de cinzas é para muitos um dia de trabalho por inteiro, já havia muito
movimento nas ruas, nos transportes e nas padarias. A avenida que eu segui, a
Júlio de Castilhos, é uma via de acesso típica dos Centros das grandes capitais
do Brasil, com prédios antigos de ar decadente reunindo um comércio barato e
estacionamentos. Havia também um camelódromo e um terminal de ônibus-garagem.
Ela desemboca justamente no coração do Centro de Porto Alegre, a Praça Quinze
de Novembro, onde se localiza um dos cartões postais da cidade, o Mercado
Público, um prédio centenário com balcões de comércio variado, vendendo desde
frutas, legumes e verduras até as vestimentas e acessórios típicas dos gaúchos
como chapéus, botinas, lenços e cuias. Há também muitos restaurantes, alguns
com áreas para fora, voltados para a Praça.
Ao lado do Mercado há outro prédio centenário, o da Prefeitura, de cor vermelha, parecendo um prédio vitoriano inglês, bem bonito.
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Mercado Público |
Ao lado do Mercado há outro prédio centenário, o da Prefeitura, de cor vermelha, parecendo um prédio vitoriano inglês, bem bonito.
A praça estava cheia de obras ao redor e não tem lá muitas
áreas verdes, e é cercada de grandes edifícios antigos de escritórios, como nos
Centros de São Paulo e do Rio. O som dos automóveis era intenso e havia muita
gente indo de lá para cá, tudo o que eu podia esperar do Centro de uma
metrópole brasileira. Na praça havia uma sinalização em placas para o pedestre, apontando para as atrações mais próximas. Segui para uma praça próxima, a da Alfândega, mais verde
e com uma postura mais monumental, com bustos dos heróis gaúchos.
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Praça da Alfândega |
Decidi me afastar do porto, seguindo mais para dentro da cidade. O Centro de Porto Alegre se desenvolveu sobre um pequeno morro à beira do Rio Guaíba e no ponto mais alto dessa elevação se encontra a Praça Marechal Deodoro, aonde cheguei subindo pela Rua General Câmara, atrás da Praça da Alfândega. Nessa praça estão a Catedral Metropolitana, o Palácio Farroupilha, sede do governo do RS; o Palácio Pratini, primeira sede do governo local e hoje uma pinacoteca de artes (fechada naquele dia); e o Teatro São Pedro. Depois de visitar a Catedral segui pela Rua Duque de Caxias, que desce de volta às margens do Rio Guaíba, por uma área bem residencial.
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Palácio Farroupilha |
Uma coisa que eu percebo quando viajo às cidades do Sul é o maior número de moradores dentro de seus Centros. Um uso mais misto desse espaço urbano que ao meu ponto de vista evitou uma desvalorização tão acentuada dessas áreas em comparação a outras cidades como Rio, Salvador e mesmo São Paulo (claro que tem que levar em consideração fatores próprios do desenvolvimento de cada uma dessas cidades). O pequeno comércio local sobrevive e edifícios residenciais antigos permanecem bem-conservados.
Ao final, acabei no grande parque verde às margens do
Guaíba, próximo ao antigo Gasômetro. É necessário atenção para atravessar a
larga avenida que margeia o rio. Lembra
um pouco as margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, com muita gente fazendo a
caminhada ou a corrida matinal. Ao longe deu pra ver o Beira-Rio, em minha
opinião o mais bonito estádio dentre os reformados para a Copa, e decidi seguir
andando para lá, apesar do cansaço que já sentia, já devia ter caminhado uns 3
quilômetros desde a Rodoviária e até o estádio eram pelo menos outros 3, agora
sob o sol que esquentava mais a cada minuto. Mas consegui chegar lá, depois de
uns 40 minutos e a base de 2 garrafas de água.
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Orla do Rio Guaíba com o Beira-Rio a distäncia |
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Estádio Beira-Rio |
Realmente chegando lá vi que foi uma bela obra que fizeram, desde a instalação das lonas revestindo toda a cobertura, passando pela loja moderna de produtos do Inter, até o comprido edifício-garagem de 3 andares construído junto. Infelizmente naquele dia a visitação interna era só as 16:30 e meu voo saía as 18:15, ou seja, seria impossível. Entrarei no dia em que voltar a POA pra ver meu Fluzão enfrentando os colorados.
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Corredor de Ônibus atendendo ao estádio |
Na avenida em frente ao estádio fizeram um corredor de ônibus segregado, onde peguei um que me levou de volta a Praça Quinze de Novembro, atravessando a região da cidade administrativa planejada, com os tribunais, fóruns e a câmara municipal, construídos a um estilo meio Brasília num amplo gramado junto ao parque do rio.
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Cidade Administrativa |
Os ônibus dentro de Porto Alegre são operados pela empresa pública Carris (alguma ligação com a também pública Carris de Lisboa?), com uma pintura branca combinada com listras no meio cujas cores variam segundo a área da cidade atendida. A frota em geral é moderna, com um número considerável de veículos de ar-condicionado e alguns de piso baixo e câmbio automático. Em paralelo rodam pequenas lotações executivas, que os gaúchos chamam também de táxis coletivos, de cor vermelha e azul, um pouco mais caras mas com conforto e boa frequência, operadas por cooperativas. Os táxis são da cor vermelha, como em Curitiba.
O ônibus que eu peguei me deixou na Avenida Borges de Medeiros, a poucos passos da Praça Quinze. Naquela hora já eram umas 11 da manhã, o movimento era grande nessa avenida cheia de agências bancárias e edifícios comerciais. Uma das transversais era a Rua dos Andradas, o principal calçadão de comércio do Centro. Como ainda era cedo para almoçar decidi fazer a travessia de catamarã do Rio Guaíba até a cidade de mesmo nome. Segui para atrás do Mercado Público, onde há a estação Mercado do metrô de Superfície Trensurb e atrás dela, o Porto com o terminal da empresa operadora do catamarã, a Catsul. Para chegar lá é só usar a passagem subterrânea da estação do Trensurb que desemboca em frente ao mercado e seguir a sinalização.
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Centro de Porto Alegre |
Voltando para o Centro de POA, decidi almoçar ali no mercado público mesmo, já era 1 da tarde, e há uma série de restaurantes que servem pratos executivos a um bom preço, entre 15 e 20 reais. Paguei 18 por uma milanesa com arroz, feijão, salada e fritas.
2- Tarde
Depois do almoço decidi seguir para o Parque Farroupilha a
pé. Vi o caminho a ser seguido no Google e segui, passando por todo o calçadão
comercial da Rua dos Andradas até sair em frente a Santa Casa de Misericórdia,
um prédio centenário de estilo português. Continuei seguindo pela Avenida Independência,
passando em frente da também centenária Igreja Nossa Senhora da Conceição, e
após esse trecho comecei a ver a área verde do Parque a direita. Desci pela Rua
Barros Casal até chegar a Avenida João Pessoa, que margeia o parque, ladeada
por palmeiras.
O parque em si é bem amplo e bonito, com uma densa área
verde que só é interrompida por um lago retangular cercado por um gramado com
esculturas, a estilo da Champ du Mars de Paris. O problema foi que nesse dia, o
lago estava cercado de tapumes por causa de obras, uma pena. Como já passavam
das três horas decidi pegar um ônibus de volta para o Centro e dali me dirigir ao Aeroporto. Desci no
Mercado, comprei ali dois potes de doce de leite gaúcho para levar de
recordação, e me dirigi de volta a Rodoviária para pegar o mochilão no guarda-volumes.
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Parque Farroupilha |
Da Rodoviária para o Aeroporto Salgado Filho usei o Trensurb, cuja estação é em frente. Por R$ 1,70 esperava viajar num trem antigo como os que a CBTU opera no metrô de superfície de Belo Horizonte, mas me surpreendi ao viajar num trem moderno, da espanhola CAF, de modelo idêntico aos usados na Linha 8 da CPTM de São Paulo, com ar-condicionado e vagões acoplados.
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Estação Rodoviária do Metrô |
A viagem foi em pé mas não demorei muito, em 15 minutos desci na estação Aeroporto, onde para chegar ao terminal de embarque funciona desde o ano passado o Aeromóvel, um monotrilho operado pela Trensurb que conecta os passageiros da estação do metrô até o Terminal do Aeroporto. A viagem de 700 metros demora poucos minutos e o comboio é confortável, pena que o ar-condicionado estava desligado. Porto Alegre é uma das duas cidades brasileiras onde a rede de metrô atende diretamente a Aeroporto e a Rodoviária – a outra é Recife- e paguei só 1,70 no deslocamento entre o Centro e o Terminal Aéreo, muito bom.
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Estação Aeroporto, com o metrô a esquerda e o Aeromovel a direita |
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Interior do Aeromovel |
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Estação do Aeromóvel no Terminal 1 |
O Aeroporto Salgado Filho é próximo da área urbana de POA e é comporto de dois terminais: O Terminal 1 é o principal, com 3 andares, edifício-garagem e com uma boa gama de serviços e restaurantes, com vista panorâmica para a pista. A maioria das empresas opera nesse terminal. Já o Terminal 2 é o mais antigo, usado nos tempos de base aérea, e foi reformado para abrigar os voos da Azul. Há ligações com São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Floripa e com outras cidades importantes da região sul como Foz, Criciúma, Chapecó, Navegantes, Santa Maria, Passo Fundo, entre outras. Há voos internacionais para Montevideo, Buenos Aires, Rosário, Lima, Cidade do Panamá, Miami e Lisboa.
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Aeroporto com Porto Alegre ao fundo |
O check-in na TAM foi rápido e logo já estava na sala de embarque, com bem menos opções de serviços que na área livre. O embarque no Airbus 321 foi pontual, assim como a decolagem, e após 1 hora e 20 de voo houve a aterrisagem em Guarulhos. Corri para o guichê da Pássaro Marron e embarquei as 22:00 para São José dos Campos, e depois de 1 hora e meia de viagem de ônibus mais 20 minutos de táxi cheguei em casa! Mais uma viagem cumprida!
Enquanto fazia a viagem de regresso fiquei considerando sobre o que tinha observado em Porto Alegre, achei uma cidade muito mais parecida com nossas metrópoles brasileiras do que com as cidades dos países vizinhos; o cotidiano, o ambiente, a estrutura da cidade e o povo são inegavelmente brasileiros. Mas percebi a tal da identidade gaúcha nas ruas, observando o uso dos produtos locais como as roupas e as cuias pela população. A bandeira do Rio Grande do Sul, na cores vermelha, verde e amarela, se vê aqui e ali, em adesivos dos carros, mochilas, nas paredes e janelas.
Pessoal, como de costume eu criei o meu mapa de passo a passo, mas dessa vez o fiz um pouco diferente, com uma simbologia marcando o tipo de transporte utilizado em cada deslocamento, espero que gostem:
http://arcg.is/1I11qDc
Para quem ainda não viu, fiz um aplicativo que reúne todos os mapas dessa viagem ao e os mostra em série, lado a lado: