domingo, 15 de março de 2015

Viagem ao Uruguai: A ida no ônibus

13/02/2015

Chegou o grande dia. Depois de encarar o expediente, chegou a hora de encarar os 2000 quilômetros de estrada até o país vizinho do sul. A minha viagem mais longa sobre rodas, e também a primeira viagem internacional em ônibus de longa distância. Encarar o Terminal do Tietê na sexta feira de saída de carnaval não é fácil, as filas são inevitáveis. Cheguei 3 horas antes da saída do ônibus por precaução. Já havia comprado os bilhetes há meses, pela empresa uruguaia EGA-Empresa General Artigas, pagando R$ 373,00 pelo trecho executivo entre SP e Montevidéu, na poltrona 4.

Importante falar que os procedimentos para a compra de um bilhete internacional de ônibus são um pouco diferentes dos demais embarques. Na hora da compra no guichê, já leve o seu documento de viagem (passaporte válido ou RG em bom estado, com validade até 10 anos), pois o atendente irá registrar seus dados no sistema que será disponibilizado as autoridades migratórias na hora de atravessar a fronteira. Na dia da viagem, é necessário comparecer no guichê 1 hora antes da saída para confirmarem seu embarque no sistema.
A linha São Paulo-Montevidéu tem apenas 1 horário por semana, saindo do Tietê as sextas as 23:30, com chegada prevista ao Terminal Tres Cruces na capital uruguaia aos domingos de manhã. O retorno a São Paulo é as segundas. No Tietê há também outras empresas que fazem serviços internacionais para cidades no Paraguai (Pluma, Sol del Paraguay, Expreso Guarani), Argentina (Pluma, Crucero del Norte), Chile (Pluma e Chilebus) e Peru (Expreso Ormeño). Na Barra Funda há ônibus para Bolívia, das empresas Andorinha e La Preferida .
O ônibus estava programado para partir da Plataforma 61. As 23:00 já estava lá, só esperando que fosse atrasar umas x horas, porque o que não faltava ali eram ônibus atrasados em mais de 1 hora. Mas não é que as 23:15, lá veio ele, estacionando na plataforma? Um Marcopolo Paradiso 1800 Double Deck, classe executiva acima e classe leito embaixo.
Havia pelo menos 4 funcionários atendendo no embarque, inclusive o atendente do guichê lá em cima, todos uruguaios. Dois auxiliando para colocar as bagagens no bagageiro e dois para verificar os documentos e bilhete de embarque. Tudo checado, já subi para a poltrona, lá já estavam disponíveis um cobertor e um travesseiro. A poltrona era na primeira fila, voltada de frente para a estrada, conforme eu havia planejado, pra curtir todo o caminho adiante. Consegui colocar meu mochilão na parte de cima, junto comigo. O ônibus contava com um bom sinal de wifi durante toda a viagem, e tomadas (110V) para carregar o celular no bagageiro acima.
Movimento no Terminal Tietê na saída pro carnaval.
O ônibus conseguiu sair as 23:30. Pelo menos da plataforma. O engarrafamento na saída do Terminal era imenso, por causa do fechamento das pistas laterais da Marginal junto ao Anhembi. Enquanto isso, o comissário de bordo se apresentou, estava de bom humor, e falou os tempos aproximados de chegada a cada parada no destino, isso se não pegássemos muito trânsito. Serviu também a primeira das muitas rodadas de bebidas que teríamos a bordo. Por volta de 00:30 conseguimos sair da Marginal, o ônibus entrou na Bandeirantes e depois no Rodoanel, para acessar a Régis. Consegui dormir mas reparei no trânsito pesado no trecho de Serra.







14/02/2015

As 8:00 entramos na Rodoviária de Curitiba, onde embarcaram umas 10 pessoas. À saída da cidade o comissário nos serviu o café da manhã a bordo, no caso alfajores com café (com ou sem leite). A previsão era de parada em Barra Velha, cerca de 2 horas além, para um café mais completo. Mas a saída da capital paranaense não foi nada fácil, levamos o dobro para chegar a essa parada, sob um trânsito muito congestionado e chuva pesada. Ainda pegamos muito trânsito até Balneário Camboriú, onde o ônibus pegou mais alguns passageiros. O resultado foi que houve um atraso de pelo menos 4 horas, o almoço que deveria ter sido ao 12:00 em Biguaçú (Grande Florianópolis) foi feito só as 16:00, só de salgados. Pelo menos a chuva tinha parado, deu para tirar boas fotos enquanto o ônibus passava pela Ponte rumo a Rodoviária de Florianópolis para pegar os últimos passageiros que faltavam. Durante esse trecho foi servida mais uma rodada de bebidas e alfajor, e colocaram um filme.

Ponte Hercílio Luz
 Após sairmos de Floripa, o tempo melhorou consideravelmente, e deu para curtir a paisagem mais atentamente, observando as grandes planícies costeiras do Sul Catarinense se abrindo a nossa frente. A passagem pela Ponte de Laguna sentido Sul estava tranquila, já para quem vinha de lá o trânsito chegava aos 15 Km. A última parada do ônibus, para o jantar, foi feita em Sombrio, quase no Rio Grande do Sul, na parada do Japonês, uma mistura de parada de beira de estrada com outlet. Saímos sob forte chuva até a divisa com o estado gaúcho, onde o ônibus fez sua última parada na Rodoviária de Porto Alegre. Ali o comissário recolhe os documentos dos passageiros para apresentar às autoridades na fronteira, e distribui o segundo jantar, semelhante ao catering dos aviões, no caso um frango empanado com purê de batatas.
Nessa refeição, além de sucos, refrigerantes e água, as bebidas incluíam martini e vodca. Deu para dormir bem e só acordei quando o ônibus parou na fronteira, no Chuí.

15/02/2015
As 5:00 o ônibus parou no posto de fiscalização da Polícia Federal e da Receita, ainda na estrada a cerca de 1 km antes da entrada de Chuí. Nenhum passageiro precisou descer, o comissário de bordo levou os documentos dos passageiros para a PF registrar a saída do Brasil. Enquanto isso, entrou um agente da alfândega com uma lanterna dentro do ônibus para checar as malas de mão e deram uma checada rápida no bagageiro interno. O ônibus abasteceu em um posto próximo e voltou para buscar o comissário que havia cuidado dos procedimentos de saída dos passageiros do Brasil,. Em 5 minutos o ônibus atravessou Chuí, deixando dois passageiros na avenida internacional (completamente deserta no horário), e seguiu até o posto de fiscalização uruguaio, onde o procedimento de entrada foi até mais rápido que no Brasil, em menos de 20 minutos o comissário já tinha feito a entrada de todos os passageiros e a fiscalização de bagagens foi superficial. Logo o ônibus seguiu viagem, o sol começou a surgir, o comissário entregou os documentos dos passageiros com o formulário de migração uruguaio preenchido, passaportes carimbados e serviu logo depois mais uma dose de café.
Café e alfajores
A estrada no lado uruguaio estava em bom estado, plana e cercada pelos imensos campos dos pampas. As 8:30 chegamos a San Carlos, a próxima parada seria em Punta del Este. Eu, já cansado do ônibus e vendo o tempo bonito lá fora, perguntei ao comissário se era possível eu descer e terminar a viagem em Punta ao invés de Montevideu, que mais tarde eu continuaria por conta própria até a capital, ele disse que não havia problema nenhum. E assim, depois de 1843 quilômetros percorridos, 32 horas e meia e muitas doses de alfajor e bebidas, cheguei ao meu primeiro destino da minha viagem as 9 horas. E ainda faltam 130 quilômetros até Montevideu. O cansaço de uma viagem tão longa foi aliviado pelo belo serviço de bordo prestado pela empresa EGA, de deixar no chinelo todas as empresas brasileiras que já usei. E isso foi na segunda classe, o serviço leito é ainda melhor, usei para encarar a viagem noturna de 12 horas entre Montevideu e Porto Alegre dois dias a frente, mas deixo esse relato para depois. Tratei de deixar minha bagagem no guarda-volumes da Rodoviária de Punta e seguir caminhando pela cidade. O relato das horas que passei em Punta, seguindo depois nesse mesmo dia para Montevideu, conto no próximo post.


Abaixo há o meu aplicativo dos mapas que eu criei a respeito dessa ótima viagem ao Uruguai: